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Handanga ressuscita dos mortos e responde ao clamor do filho

Jornal OPaís por Jornal OPaís
28 de Maio, 2025
Em Opinião

Os povos africanos sempre se serviram da palavra para manifestar-se diante de diversas situações que os afligia. Os bantu em especial, tiveram a música e a dança como elementos imprescindíveis para a exteriorização de suas emoções e sentimentos. O africano bantu, dança na tristeza e na alegria e canta sobre a alegria e tristeza.

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A poesia sempre esteve presente na vida deste homem, africano, por meio da palavra. Com a palavra tudo se cria e tudo passa existir. Desta forma, citando Negro (s/d): ‘‘ tanto a palavra literária como a palavra musical seguem aqui um mesmo trajecto, e deveriam ser avaliadas à luz do valor simbólico e político do uso das línguas nacionais no complexo processo de unificação do país’’.

A presente abordem surge em razão da análise feita a uma musical de um monstro do cancioneiro angolano, Justino Handanga e uma outra a de seu filho que se está afirmando, no caso Florêncio Handanga. É de forma nostálgica que ouvimos um diálogo incomum entre pai e filho.

Incomum pelo facto de as duas em análise terem sido escritas em tempos e contextos diferentes. A música ‘‘Setembro’’ de Handanga pai parece-nos dialogar com a ‘‘Epata liasandoka’’ de Handanga filho.

Como se sabe, 18 de Março de 2924, Angola perdia um dos seus nobres filhos que pela música procurou preservar os valores sociocultural do grupo etnicolinguístico ovimbundu. Referimo-nos, neste caso, ao grande Jusitino Handanga.

Volvidos alguns meses depois da sua morte eis que o seu filho, Florêncio, surge com a música “ Epata liasandoka “ para o suplicar que voltasse para o seio família. A seguir apresentam-se alguns fragmentos das duas músicas em umbundu, bem como as suas respectivas traduções literais em português: Epata lietu liasandoka, ove a mano Tinox Epata lietu liasandoka, ove a papa yange Mondjo kamuli ombembua, omala vosi valila Epata lietu liasandoka tunde apa wakanda… ndakutumisa ikanda vimue, ove a papa, nda watchimola ndanhe, ove a papa yange? Kulo ovina kavikasi tchiwa, omala vo valila, vosi valisandola Ko ndjo, ava valila apa, ava valila opo Otchisola tchanda, ove apa yange La vamandji katulivangula vali, ove a papa yange, ndatchitava tiuka ñgo… … nda wakalisanga la mama ye Vangula Lúcia, omala kavakasi tchiwa Epata lietu liasandoka, ove a papa yange, mondjo kamuli ombembua.

Tradução literal:

A nossa família dispersou-se, ó mano Tinox. A nossa família dispersou-se, ó meu pai. Em casa já não há paz, todas as crianças estão aos prantos A nossa família dispersou-se desde que te foste… mandei-te algumas cartas, meu pai, não sei as leste ao não? Em casa, alguns choram aqui e outros acolá O amor já se foi, meu pai. Entre irmãos não nos falamos, meu pai, se for possível volte, por favor … .. se te avistares com a mama Vangula Lúcia, diz-lhe que as coisas não estão boas.

A nossa família dispersou-se, meu pai, em casa já não há paz. Por cá, as coisas não estão boas. As crianças espalharam-se … se te avistares com a mama Vangula Lúcia, diz-lhe que as coisas não estão boas.

A família dispersou-se A nossa família dispersou-se, meu pai, em casa já não há paz. Nota-se que Florêncio clama pelo retorno do seu pai para manter unida e coesa a família. E tempos depois, em Setembro, Justino Handanga responde:

Aló! nditelefonala kundambulula pwãy, nhe? Tchipita kimbo sapuili ko nda epata lilio! Etchi ndisoka okandjo kana ka Modesto akome vokalilonge vimbo muna mukoka ongeva Ko Setembro ndatambula ikanda viane ilamo lika, kuenda lo lonambi ame ndalila ndayeva eti Kamoko wafa avoyo ndinga ndati kulo lika wanga? Onambi ya tio yange akome, nda ndaililisa. … ndandeya ale, opasasi oyo sikuete kupange wange andi kavafetele.

Mbandjiliya vombuelo lo vonano a mãy ndilungayala asuelelā kavakapuka… … ikanda ndakatanga hati ondjo yetu yateka po, atelia atcho te wavongololi po, momo ombembua yeya, ovina viosi vipongoloka

Tradução Literal:

Aló! Telefono e não me respondem porquê? Digam-me o que se passa na aldeia, se a família está boa! Pois penso naquela casinha do Modesto no Kalilongue, sinto saudades Em Setembro recebi cartas vossas que traziam saudades e assuntos de óbitos.

Soube que Kamoko morreu, o que faço aqui sozinho?! Teria realizado o óbito do meu tio. … já teria vindo, falta-me passagens e no meu serviço ainda não me pagaram.

Olho de cima para baixo, as lágrimas não caem… … li cartas que diziam a nossa casa ter caído, apanhem o telhado, pois a paz chegou e tudo vai mudar. Neste diálogo, de tempos diferentes, entre pai e filho, percebe-se que o vocábulo “ ondjo-casa” ganha uma extensão semântica para significar família.

Quando Justino Handanga diz “ … ondjo yetu yateka po” é no fundo para dizer que tomou a conhecimento de que a família teria sido desestruturada e como o responsável da prole faz apelo à união tal como se confirma em “ atelia atcho te wavongololi po”, ou seja, o unir-se/conversar e conversar pois bons ventos estarão a caminho e tudo pode mudar. É caso para se dizer que Justino Handanga teria ressuscitado dos mortos atender ao clamor do filho.

Por: NGUNDJI JOSÉ

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