O tema de hoje vem retratar um comportamento tóxico que traz um impacto significativo no ambiente de trabalho, que, por mais técnico ou formal que seja, é também um espaço de convivência social. Nele, surgem relações interpessoais diversas, e nem sempre essas interacções seguem os princípios da ética e do respeito. Uma das práticas mais prejudiciais à saúde organizacional é a fofoca, acompanhada da figura do fofoqueiro — aquele que se ocupa de espalhar rumores, informações distorcidas ou maliciosas sobre colegas ou sobre a própria empresa. Esta reflexão traz de forma objectiva os efeitos desse comportamento, as suas causas e estratégias eficazes para lidar com fofocas e fofoqueiros no local de trabalho.
Mas afinal, o que é a fofoca no contexto organizacional? A fofoca é uma comunicação informal e não oficial, geralmente carregada de julgamentos, suposições ou más intenções, envolvendo pessoas ausentes. Trata-se de um comportamento que, quando recorrente, indica um problema cultural mais profundo dentro da organização.
O fofoqueiro é aquele que se alimenta de boatos, multiplica informações sem verificar a veracidade, e normalmente busca atenção ou influência social por meio desse tipo de comportamento.
Algumas situações nas empresas podem representar as causas comuns para a disseminação de fofocas: • Falta de comunicação institucional clara e transparente
• Insegurança profissional ou ciúmes entre colegas
• Ambientes permissivos ou sem liderança activa
• Busca por aceitação ou entretenimento
• Falta de ocupação ou baixa produtividade
Em face destas causas, as instituições acabam por ser impactadas negativamente, tanto para fofocas como para fofoqueiros.
No que diz respeito aos indivíduos, o comportamento acaba por criar: Danos à reputação e imagem profissional; Sentimentos de ansiedade, injustiça e exclusão; Queda na motivação e no engajamento.
• Para a equipa de trabalho, o comportamento acaba por criar:
Divisões e rivalidades internas; Perda da confiança entre os membros; Aumento de conflitos interpessoais.
• Para as empresas, no ambiente organizacional, acaba por causar a: Redução da produtividade geral; Erosão da cultura organizacional;
Aumento do turnover e do absenteísmo; Perda de credibilidade da liderança. Uma organização precisa identificar um fofoqueiro no ambiente de trabalho, para poder expelir e inibir qualquer tentativa de causar um ambiente de instabilidade. O fofoqueiro geralmente: Vive “por dentro” da vida alheia;
• Gosta de “plantar informações” ou “testar reacções”;
• Muda o comportamento de acordo com quem está por perto;
• Transmite boatos com ar de confidência ou preocupação; • Cria ou perpetua dramas desnecessários e climas de tensão.
Quais as formas de lidar com as fofocas e os fofoqueiros? Individual • Não alimente a fofoca: mude o assunto ou se retire da conversa. • Não compartilhe rumores: mesmo por curiosidade ou brincadeira.
• Seja directo e ético: se você for alvo, procure o RH ou a liderança. A nível de liderança • Implemente políticas claras de conduta profissional
• Crie canais de comunicação e escuta activa
• Reforce a importância do respeito mútuo em treinamentos
• Tome atitudes disciplinares quando necessário
Uma cultura organizacional baseada em respeito mútuo pode servir como antídoto para combater fofocas e fofoqueiros e exigir uma mudança de comportamento.
Empresas saudáveis priorizam: • Transparência na comunicação; • Valorização da confiança entre os colaboradores; • Promoção da ética como valor central da organização;
• Reconhecimento positivo de comportamentos construtivos.
Em suma, fofocas e fofoqueiros no local de trabalho não são apenas incómodos — são ameaças à saúde emocional das equipas e ao desempenho da organização. Ignorar esse comportamento é permitir que ele cresça.
Por isso, promover um ambiente de confiança, respeito e comunicação clara é a melhor estratégia para transformar o ambiente de trabalho em um espaço mais saudável, produtivo e profissional.
Por: YONA SOARES
*Advogada e Gestora de Recursos Humanos