Os últimos três dias de trabalho no Huambo culminaram, felizmente, com uma pequena e singela homenagem ao Liberal Alicerces, que, na última semana, alcançou o grau de mestre em Direito.
Foi um encontro em que se falou de quase tudo: desde a política ao Direito, do Huambo e as suas particularidades, do futuro do país e, sobretudo, do conhecimento. Houve também, se assim se pode dizer, tempo para se debater algumas futilidades que, volta e meia, nos chegam aos ouvidos ou mesmo aos olhos.
E uma delas foi a afirmação feita, recentemente, por um empresário que dizia, perigosamente, às pessoas que apostar nos estudos não era essencial. Ao ver o Liberal Alicerces vestido de preto e vermelho, com a toca preta e uns laivos também vermelhos, recordámos o percurso que muitos estudantes fazem para alcançarem o grau de licenciado, mestre e, depois, doutorado.
E são estes que, felizmente, acabam também por encontrar muitas das soluções para os problemas que afligem as sociedades em que estão inseridos.
Quando se recordaram as infelizes declarações do jovem empresário, muito comentadas na época, houve quem, neste fim-de-semana, no Huambo, se tivesse lembrado de um pormenor que marcou a todos e mostrou, indiscutivelmente, que a ciência ou o conhecimento é uma arma poderosa.
Recuou-se a 2019, altura em que o mundo foi assolado pela pandemia da COVID-19, obrigando o mundo a recolher-se enquanto os cientistas estavam à procura de vacinas e outros medicamentos para enfrentar a perigosa doença.
Infelizmente, naquela fase, houve até políticos que menosprezavam a ciência e fizeram com que os seus países liderassem o ranking daqueles que mais mortes observaram.
Hoje, por exemplo, o então Presidente brasileiro Jair Bolsonaro foi condenado a 23 anos de cadeia por ter colocado a democracia brasileira em cheque, num assunto meramente político.
Mas, curiosamente, depois de ser conhecida a sentença, milhares de brasileiros acreditam também que essa condenação ajudará a amenizar o sofrimento das famílias de mais de 700 mil mortes ocorridas pela COVID, porque Jair Bolsonaro menosprezou a ciência que acabou por salvar milhares noutros países. Mais do que as diatribes que vão sendo ditas por gente quase sem noção, estudar importa sim.
E a verdade é que alguns que se julgam endinheirados acabam sempre por precisar de quem tenha estudado em determinadas áreas do saber para cuidar dos seus negócios e até da própria saúde.
Só por isso, alguns deles deveriam ser responsabilizados quando, da boca, saem disparates que podem influenciar negativamente a mente de futuros médicos, gestores, advogados e até mesmo empresários.