Depois de inaugurada pelo Presidente da República, João Lourenço, os trabalhos na Refinaria de Cabinda vão caminhando de vento em popa. É, por sinal, o primeiro investimento do género feito no país desde a sua independência, há 50 anos, perseguindo assim o almejado sonho de não dependência de refinados vindos do exterior.
Apesar de existir há mais de 50 anos como um país livre, em termos políticos, do ponto de vista económico ainda se nota alguma dependência do exterior, principalmente na questão dos derivados do petróleo. Por sinal, um negócio chorudo que durante anos alimentou os cofres de muita boa gente, alguns dos quais engrossam hoje a selecta lista dos mais endinheirados do país.
O caricato é que, mesmo se tratando de um negócio extremamente lucrativo, não houve da parte de muitos ricos angolanos a intenção de se instalar em Angola uma refinaria de facto, o que poderia, desde muito, travar já a busca nos mercados externos.
Ao longo dos anos, ter- se-á instalado em algumas mentes a convicção de que se deveria amarrar enquanto os lucros pudessem florescer com a importação. E quando se inaugurou a refinaria, por incrível que pareça com uma maioria de capital estrangeiro, lançou- se entre os angolanos a ideia de que o país estaria a perder a sua soberania por se ter aberto o investimento aos empresários de outras latitudes.
E este tema veio à baila, há dias, por conta de vídeos que ainda circulam sobre o assunto, vendendo-se a mensagem de que os estrangeiros estivessem proibidos de aqui investir, quando muitos dos nossos endinheirados colocaram parte significativa das suas economias a ajudar outros países.
Aliás, estamos recordados de que, quando se começou a falar de repatriamento de capitais, o então primeiro- ministro de Portugal, António Costa, afirmara que o seu país não tinha como devolver muitos dos fundos aí destinados. Uma decisão neste sentido iria tumultuar o mercado português, onde desde muito se sabe que voltou a se reerguer, depois da crise, graças a muitos dos fundos saídos de Angola, incluindo de forma ilícita.
Hoje, no mundo real, é cada vez mais bem-vinda a entrada de financiamentos externos de forma lícita. Não podendo significar qualquer problema nem perda de soberania o facto de empresários de outros países decidirem investir na economia angolana nos ramos que lhes apetecer, contrariamente ao que se insiste em apregoar num país como o nosso, onde os nacionais levam o dinheiro para fora e depois pretendem entoar hossanas de suposto patriotismo.
Até mesmo os países mais desenvolvidos do mundo continuam a busca, cada vez mais, de quem leve ideias, projectos e, sobretudo, financiamentos para alavancar as suas economias, criar postos de trabalho e aumentar os rendimentos dos cidadãos nacionais.
Embora possa parecer um assunto que para muitos se mostre trivial, há muitos casos em que a posição dos nacionais, principalmente em áreas mais remotas, movida até por interesses que desconhecem, acaba por afastar investidores por conta de receios que já não fazem sentido no mundo actual e real.
Pior ainda num país como Angola, em que a maioria da sua elite e dos endinheirados preferiu o exterior para investir e até esconder dinheiro que era suposto ser de todos e investido aqui









