Há dias, quando passava por uma das ruas que dão acesso ao Nova vida, vi uma loja de uma conhecida cadeia de venda a retalho em reabilitação. Quando se olha para o empreendimento, que deve ter custado um balúrdio aos investidores, vêm à memória os fatídicos acontecimentos de Junho deste ano, em que centenas de estabelecimentos foram pilhados.
Naquilo que se previa uma manifestação pacífica, supostamente convocada pela associação de Taxistas de angola (aNaTa), viu-se dezenas, senão centenas, de jovens montarem barricadas e destruírem viaturas e estabelecimentos comerciais, que acabaram por colocar no Dezembro inúmeras pessoas.
Quando tiveram início as escaramuças, houve quem inicialmente visse nos actos uma posição revolucionária, augurando que a medida, embora drástica, pudesse influenciar o Executivo a recuar no aumento do preço do combustível, uma posição que conta igualmente com o beneplácito até do maior partido da oposição, que se vai manifestando contrário à manutenção dos subsídios nos moldes actuais.
Passados cerca de seis meses, há evidências de que, independentemente do número de mortes que tenham ocorrido, se não tivesse existido uma actuação das autoridades que permitisse reestabelecer a ordem, talvez existissem mais empreendimentos vandalizados e prejuízos incalculáveis.
Para os mais radicais, que acreditam em soluções que passem por medidas drásticas, provavelmente pudesse originar alguns sorrisos, mas, para os empresários, seria o culminar de todo um esforço de anos de trabalho. antes mesmo dos acontecimentos, foi a associação de Taxistas que se imputou responsabilidades sobre os fatídicos acontecimentos, em que alguns cidadãos acabaram sendo vítimas.
Aliás, os pronunciamentos dos seus responsáveis, dias antes – e alguns dos quais em parte incerta – apontavam para este caminho, sem quaisquer pretensões malévolas, até que depois surgiram informações das próprias autoridades de que houve uma mão externa. Num leque de vários participantes directos, sobretudo nas pilhagens, existem neste momento alguns enclausurados, entre os quais responsáveis da própria associação de taxistas que inicialmente se apresentavam como os principais mobilizadores das acções de reivindicação.
Só que, após o início, as incidências apontavam para uma acção mais organizada e que acabaram por deixar boquiabertas as forças de defesa e segurança. as investigações feitas posteriormente pelas autoridades levaram à detenção de dois cidadãos russos e alguns angolanos que se acredita terem estado envolvidos em acções que terão influenciado os fatídicos acontecimentos de finais de Junho do ano em curso, com um resultado de várias mortes e prejuízos incalculáveis financeiramente que levaram o Estado à aprovação de um crédito para o efeito.
A Procuradoria-Geral da república (PGR) anunciou, esta terça-feira, ter formalizado a acusação contra dois cidadãos russos e dois angolanos, detidos a 7 de agosto de 2025, por suspeitas de envolvimento em crimes de financiamento ao terrorismo e outras infracções de natureza conexa. os cidadãos russos Igor Rotchin MihailovicheLev Matveevich Lakshtanov, bem como os angolanos amor Carlos Tomé e oliveira francisco, são apontados pelas autoridades como integrantes ou colaboradores de uma organização internacional que, segundo a investigação, tem actuado na desestabilização de Estados e Governos, particularmente no continente africano. agora, resta saber o final deste caso, que deverá mobilizar a opinião pública nos próximos tempos.









