Viver longe da terra natal não é para qualquer um. Quando a saudade aperta, as lágrimas não se fazem rogadas, escorrem voluntariamente pelo rosto e desabam na esquina da boca em silêncio, no tempo que não perdoa.
Na Brasilândia, a medicamentosa não foge à regra, de quando em vez, não faltam engenharias, sentadas improvisadas, entre familiares e amigos, do bom pitéu, uma boa fubada, churrascada no ponto, birras à estalar, quindungo em dia, gargalhadas à mistura, boa música, santo remédio.
É o resgatar momentâneo da alegria, um sentimento de bem-estar, um abraço de unidade na diversidade, apreciando pluralidades gastronômicas que cuidam, a partilha das nossas tradições, bons hábitos e bons costumes.
São motivos que acontecem na estranja, aos finais de semana, encontros de kambas, para matar saudades, actualizar o mujimbo, afinal, recordar é viver.
É só ver e ouvir nas conversas, por vezes, bué de makutu, fake news na ordem do dia, baldas atrás de baldas, misericórdia! Evidentemente, de quando em vez, não faltam algumas alfinetadas ao Pin e ao Puk, só para contrariar e desanuviar o ambiente, incendiado por Kagindakas avulsas de bocas tipo esquadra.
É nós, longe do berço, com brilho nos olhos, sorriso no rosto, a reviver as memórias do dia a dia, na folia do divino Espírito Santo, nas lembranças dos tempos que já não voltam.
Na Brasilândia é assim, entre muangolés, nos feriados, aos finais de semana, não fosse o Ndengue Paz, um festoso por excelência ou, na melhor das hipóteses, o nosso Man-Ré, um prendado que não vive sem os jovitos, agora com novo disco no mercado.
A dimba toca, não pára, está no sangue, restaura afectos, abre portas para a glória, é bom saber gerir emoções, manter a serenidade, buscar conforto e consolo, experimentar novas conversas, a felicidade é o que nós queremos, tal como cantou e encantou Sebem.
Por: JOÃO ROSA SANTOS