A primeira vez que vi e li sobre o influencer Khabi Lame, nascido no Senegal e agora naturalizado italiano, perguntei-me como era possível um cidadão, sem expressar uma única palavra, poder influenciar milhares de pessoas em todo o mundo. Há poucos dias, o jovem acabou por ser corrido dos Estados Unidos pelo Presidente Donald Trump. Mas ele é somente um dos influencers mais famosos e que mais lucram no mundo.
Faz parte de um top 10, publicitando para marcas conceituadas de roupas, perfumes e até empresas de alta finança. É provável que um dia o nosso Bulusinha, que também aposta na mímica, atinja os seus indicadores nas redes sociais, para com isso faturar à dimensão de Kabhy Lame, que possui uma fortuna de cerca de 20 milhões de dólares norte-americanos, podendo, certamente, ajudar os seus familiares no continente africano.
é a parte mais nobre das redes sociais. Onde gente empreendedora, cada um à sua maneira, obtém conhecimentos e soluções para os seus problemas académicos, científicos, financeiros e sociais, tornando-se uma importante ferramenta cujos inventores seguramente se devem orgulhar.
Do mesmo modo que espalha alegria, as redes sociais se vão transformando em algo mais nefasto, princi- palmente no campo político, onde sem filtros arrastam tudo e todos.
Distante da informação ou qualquer mensagem levada ao público pelos órgãos de comunicação tradicional, do outro se pode assistir mais a um ambiente de libertinagens, com milícias digitais previamente criadas, atirando despudoradamente contra figuras identificadas e objectivos bem delineados.
O que há muito se pensava observar em certos países, alguns dos quais mais desenvolvidos do que Angola, tornou-se entre nós uma autêntica realidade. Onde a luta pelo poder e as alianças mesquinhas de muitos fazem com que se difame, moleste ou até se mate virtualmente quem pense o contrário ou tenha propósitos com os quais não gostaríamos de rivalizar. Aos poucos, as redes sociais se vão tornando o palco de ninguém.
O ser ético e correcto não é permitido, porque o comum, para muitos, é disparar sem se respeitar princípios e valores. Tudo porque vender o errado, mesmo quando se tenha responsabilidades, não habilita a mais likes e uma falange de seguidores, muitos dos quais sedentos por informações.
E o pior, tal como vimos em países como o Brasil e os Estados Unidos, em fases conturbadas da sua história recente, são os políticos que elegeram como palco das suas acções.
Não importa o quilate, é lá onde inicialmente se vai destilar o fel, principalmente quando em causa estiverem adversários ou objectivos políticos que lhes possam conferir mais likes e atenção de um segmento da população.
Os últimos acontecimentos em Angola demonstraram que as redes, mais do que nunca, não devem ser menosprezadas, nem o que por lá circula merecer atenção, desmentido ou acção rápida horas ou dias depois. Há muito que o espaço tornou-se para muitos o principal campo de batalha.
Distante da mímica de Bulusinha e outros influencers, há mensagens que suscitam outras interpretações e deveriam merecer também outras reacções.
Lembro- me do que disse, em tempos, Lula da Silva: ‘não se pode permitir que se tenha uma percepção sobre alguém que fale coisas por meio de um órgão de comunicação social e outros que use as redes sociais para dizer as mesmas’.