No passado dia 10, Angola testemunhou o encerramento da quinta fase do processo de condecorações feitas pelo Presidente da República, João Lourenço, no âmbito das comemorações dos 50 anos de independência.
À semelhança das primeiras quatro fases, houve lágrimas, assobios, reconhecimento e também quem optasse pela cadeira vazia. Entre políticos, militares, médicos, economistas, professores, cantores, compositores e uma plêiade de pessoas até então anónimas, a maioria mostrou-se regozijada pelo facto de ter visto ao peito uma medalha pelos frutos das acções que desenvolveram nas suas áreas de actuação, mesmo que, para alguns, não fossem sequer dignos de tal merecimento.
Quem, mesmo à distância, não se sentiu comovido quando o Presidente da República, João Lourenço, homenageou a parteira de 100 anos que muitos de nós nem sequer imaginávamos? Ou então, quem não se terá questionado quando, quase em uníssono, a sala se rendeu ao general Yava assim que este foi chamado?
Na verdade, embora muitos se cutuquem por conta de figuras que se julgam ser mais merecedoras do que outras, as cerimónias vão também demonstrando que existem muitos filhos deste país que, mesmo no anonimato, construíram as bases para o país que se tem hoje. Mesmo que se prolongue para depois de Novembro — altura em que, a 11 de Novembro, o país assinala o apogeu da efeméride —, alguns não terão a oportunidade.
Porque a história deste país, tanto depois da independência como nos períodos que se seguiram, até aos dias de hoje, foi escrita a várias mãos. Apesar disso, independentemente de qualquer crítica que esteja a ser feita, ainda são mais significativos os gestos daqueles que optaram por marcar presença nos actos.
Isso, sem descurar as razões apresentadas por aqueles que optaram pela cadeira vazia, porque a reconciliação ou o desejo de se verem as coisas melhoradas começa, às vezes, com gestos simples como os que vamos vendo em alguns. Até Novembro, existirão ainda mais condecorações.
Assistiremos, certamente, ao mesmo cenário dos últimos anos. Com mais presentes do que ausentes, mas, no fim, ficará sempre o reconhecimento de que, um dia, quando o país assinalou os seus 50 anos, os seus filhos mais nobres foram distinguidos — não obstante os problemas que ainda se atravessam e que merecem a atenção de todos. Até lá, cada um terá os seus argumentos por esgrimir.
E tentará convencer os seus sobre as suas razões. Mas, como se costuma dizer, o facto de uma maioria significativa ter suplantado as ausências será mais do que notório. E assim se fará a história também.