A cidade de Ndalatando, aqui a escassos quilómetros da capital do país, Luanda, comemora mais um aniversário desde a sua ascensão. É a capital do Cuanza-Norte, um território muito maior do que se imagina, com fortes potencialidades que, ao longo dos anos, muitos acreditavam poder vir a ser a zona tampão para o êxodo que aflige Luanda e arredores, incluindo nesta última nova província de Icolo e Bengo.
Não obstante os seus trunfos, diga-se, e muitas experiências governativas que se fizeram na província, o desenvolvimento que se esperava da edilidade não conseguiu dar aos seus habitantes esperança necessária de que é mesmo no interior do seu território que os cuanza-nortenhos se irão realizar.
E a proximidade com a grande cidade serviria até de mola impulsionadora, não vivendo os problemas de outras províncias, situadas a milhares de quilómetros, mas cujos produtos tivessem de ser transportados a partir do litoral. Lembro-me de vários governantes que passaram pelo Cuanza-Norte.
Cada um procurou impor a sua marca, mas terá sido o maquisard Manuel Pedro Pacavira, um dos que mais tempo fez à frente dos destinos da região, num período bastante crítico, em que as contingências políticas e económicas não puderam corresponder com as expectativas.
Seguiu depois o também malogrado Henriques André Júnior, um dos mais incompreendidos governantes da província, fortemente combatido por uma elite local que se julga, ainda nos dias de hoje, com poderes de, sempre que pretenderem, poder mudar as regras do jogo.
O Palácio de Ndalatando viu ainda passar por si José Maria Ferraz dos Santos e Pedro Makita Júlia, este último que nem sequer teve tempo para aquecer as poltronas do Governo Provincial do Cuanza-Norte, acabando por ser exonerado pelo Presidente da República, João Lourenço.
Até então desconhecido por muitos, a escolha acabou por recair sobre o jovem político e empresário João Gaspar Diogo, novo nestas lides, mas que tem vindo a demonstrar que os que acreditavam num suposto falhanço da sua indicação pelo Presidente da República estavam simplesmente enganados. Em pouco tempo, com uma liderança participativa, juntando veterania e jovens, a província do Cuanza-Norte reentrou para o mapa das localidades que se pretendem mostrar auto-suficientes em várias áreas.
Com uma extensa área rural e não só, aos poucos, empresários e investidores de vários sectores batem à porta para implementarem negócios vários. Desde a agricultura ao turismo, da construção civil à área têxtil, sem esquecer a área de minerais.
Não há quem não bata neste momento às portas deste território rico em água, energia eléctrica e outras condições capazes de convencer os empresários. A nova administração levou consigo não só conceitos novos, mas sobretudo uma nova forma de se ser e de se estar na política, diferente de outros dos seus antecessores, mas procurando dar respostas no mais curto espaço de tempo aos desafios que se mostram difíceis para a província.
E o mérito, nesta fase, apesar do apoio que se vai tendo do Executivo central, cujos responsáveis continuam a fazer uma espécie de romaria a Ndalatando, Camabatela e arredores, não se pode retirar mérito do trabalho que vem sendo executado por João Diogo Gaspar e a sua equipa. À boca pequena, como se soe dizer, as pessoas vão se gabando de que Cuanza-Norte voltou a constar do mapa.
De uma província próxima de Luanda, cujos níveis de desenvolvimento eram diminutos, nos dias que correm, as obras em curso e os projectos em implementação já vão dando uma nova áurea aos habitantes, incluindo jovens que se viam obrigados a fugir para Luanda e arredores.
Certamente, nos próximos dois anos ou menos, conseguir-se-á divisar melhor tudo quanto ainda conste do papel ou já foi lançada a primeira pedra. As potencialidades sempre estiveram aí. Parece que só faltavam mesmo alguns incentivos no sentido de se redireccionar o rumo em busca de uma província melhor, onde se pos- sa viver, passear, fazer negócios e, acima de tudo, realizar-se.