É comum dizer-se que são políticos. E há quem pense que, por este facto, a eles se pode permitir que digam o que quiserem. Seja na situação como na oposição, são várias as vezes em que escutamos destes pronunciamentos, alguns duros e outros nem tanto, que nos levam a procurar saber a dimensão da sua veracidade ou falsidade. Há alguns dizeres, o normal tem sido mesmo que se deixe passar.
Afinal, em política, quem é que nunca teve um exagero qualquer. Seja atiçando o adversário político, outras vezes mesmo ofendendo, ou lançando farpas no sentido de se sair bem da fita ou ganhar mais apoio popular. Só que, noutros momentos, o populismo também acaba por ser menos bom.
O que leva a que se crie entre os cidadãos a convicção, em certos momentos, de que se está diante de alguém que fale mais do que o necessário ou, então, que não consiga sequer guardar determinados segredos, muitas vezes cruciais para quem pretende altos vôos, podendo vir a revelá-lo um dia destes em biografias autorizadas, como o fazem já em fim de carreira – ou depois de um serviço longo aos seus países, académica, clubes de futebol ou até empresas conceituadas – diversas individualidades ou figuras públicas.
Em muitos casos, quando cutucados, muitos dos ofendidos ou citados não se importam sequer. Deixando uma vã ilusão naqueles que os acusam de existir alguma verdade no mundo. Porém, num mundo em que nem todos têm sangue de barata, como se soe dizer, há quem leve a peito as acusações ou impropérios lançados contra a sua pessoa, lançando mão dos meios de defesa que possui para lavar a sua honra e alma.
De qualquer modo, a democracia é isso mesmo: permitir que as pessoas, independentemente das posições que ostentam, possam transmitir as suas opiniões, respeitando os marcos que a liberdade de expressão e imprensa impõem. Tal como aos queixosos ou citados a possibilidade de também se sentirem lesados poderem, sem desprimor, exigir de quem os vilipendiou apresentar argumentos que sustentem o que se disse, provando ou, caso contrário, desdizendo o que inicialmente avançara.
O país foi colocado esta semana perante estes dois cenários normais em democracia, ou seja, ao líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, o normal exercício de poder tecer as suas ideias sobre a economia do país, apresentando os aspectos negativos – e talvez também positivos –, assim como esgrimir pontos de vista em relação a outros aspectos da própria sociedade em termos políticos, económicos e sociais.
Porém, para muitos, foi mais além, acusando de corrupção supostos enviados do Presidente da República para que este tivesse um terceiro mandato e colocando em causa até a eleição de Angola – e de João Lourenço – ao cargo de Presidente da União Africana.
Só que, contrariamente aos outros momentos, desta vez os Serviços de Apoio do Presidente da República não quiseram deixar em branco aquilo a que consideram insinuações ou pronunciamentos ‘irresponsáveis’, segundo o próprio comunicado tornado público um dia depois dos dizeres do líder do maior partido da oposição.
E com isso, lançou-se o desafio de o político mostrar os nomes e os rostos dos supostos emissários, caso contrário se poderão accionar mecanismos judiciais. Como diria um conhecido, os tribunais existem mesmo para isso, não importando se de um lado estão políticos ou cdadãos comuns. Quando necessário, é mesmo por lá que se busca a verdade, embora também com isso se possam produzir mártires.