Quase uma semana depois da propalada paralisação dos taxistas, que, posteriormente, deflagrou para actos de puro vandalismo, com a destruição de inúmeras lojas e outros bens públicos, ainda se estão a contabilizar os estragos.
No início desta semana, o Executivo, através do ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, atribuiu um financiamento de 50 mil milhões de kwanzas para os estabelecimentos vandalizados.
É com este montante que poderão reforçar os stocks de mercadorias, reparar as referidas infra- estruturas e até mesmo atender às questões salariais, impedindo-se desta forma que mais angolanos fossem ao desemprego. Depois dos confrontos registados na ressaca pós- eleitoral de 1992, não há registos de actos que rivalizem com o que se viu em dois dias na capital do país.
De forma esporádica – embora se diga que terá sido algo concertado – num ápice se estava praticamente mergulhado num caos. E nos últimos dias, as pessoas se vão questionando sobre se, havendo uma nova paralisação dos taxistas, a cidade volta a registar uma situação semelhante.
Uma das lições que fica em tudo quanto se viu é a necessidade que o Executivo tem de implantar um verdadeiro serviço de transportes públicos para um dia poder contrapor a influência que os taxistas hoje exercem a nível do sector.
Apesar dos investimentos que vão sendo feitos, ficou por demais provado que são estes jovens, com os azuis e brancos, motorizadas de duas ou três rodas, que atendem à maioria dos cidadãos no país, para chegarem aos locais de trabalho ou até mesmo na realização de outras actividades.
Os transportes públicos, embora existam empresas como a Tcul e outras privadas, ainda são em número insignificante, o que deve levar o Ministério dos Transportes a reflectir sobre a influência dos taxistas e a possibilidade de num futuro vierem a sofrer a mes- ma chantagem sempre que necessário.
É comum ver-se as autoridades a entregarem autocarros a determinadas empresas, algumas nas grandes cidades, mas nem por isso se nota uma grande influência destes meios para contrapor os azuis e brancos, nem tão pouco os outros meios convencionais espalhados pela periferia, onde as staffs vão também ditando as regras de jogo no que concerne à transportação de pessoas e bens.
É provável que, talvez, se um dia sair do papel, o metro possa ainda fazer alguma mossa, mas desde que o seu traçado consiga cobrir parte da periferia também, sobretudo naqueles bairros mais populosos.
Diz-se que em Dezembro se começam a dar os primeiros passos, o que será bom para atenuar o crítico serviço de transportação dos cidadãos na capital do país.