Corria o ano de 2017 quando o presidente João lourenço, depois de eleito nas eleições gerais do mesmo ano, em substituição do malogrado presidente José eduardo dos Santos, apontou, no discurso de tomada de posse, os países com os quais pretendia manter uma relação mais próxima com vista a ajudarem angola a atingir o almejado desenvolvimento que há muito se procura.
Na altura, para surpresa de alguns analistas, países houve que ficaram de fora das opções, mas outros surgiram quase que na ‘pole position’, anunciados em plena praça, em Luanda, perante milhares de cidadãos que testemunharam a transição política em angola, assim como a chegada de um novo timoneiro 38 anos depois.
Até então, vista como uma potência hostil a angola, devido aos factos ocorridos durante a guerra fria, cujas consequências resvalaram para um conflito armado que durou décadas, o estabelecimento de melhores relações com os estados unidos transformou-se numa tónica dominante para a diplomacia angolana. aliás, não há como se menosprezar a importância capital deste relacionamento, porque está em causa tão-somente a maior potência do mundo.
De integrantes de blocos opostos, num outro contexto, angola e os estados unidos viram as suas relações melhorarem consideravelmente nos últimos anos. um facto reconfirmado com a recepção a que teve direito o presidente João Lourenço na Casa Branca, assim como os vá- rios encontros que teve com o seu homólogo norte-americano à margem de eventos realizados ao longo do corrente ano.
Por conseguinte, a vinda a angola do presidente dos estados unidos, que desembarca hoje no aeroporto 4 de fevereiro em Luanda, era uma questão de tempo, se se ti- ver em conta a aproximação que se foi desenhando, razão pela qual os adiamentos iniciais em momento algum puseram em causa a possibilidade da sua concretização. e a sua importância mantém-se capital.
A agenda que irá desenvolver em Luanda e Benguela, província esta em que se vai reunir com os presidentes da Zâmbia, RDC e tanzânia, dá ênfase aos propósitos e às razões para um novo ciclo a nível da cooperação.
O corredor do lobito, energias renováveis, a segurança alimentar e outros pontos comuns culminarão na assinatura de acordos que cimentarão não só a vontade dos países, como também abrirão novas oportunidades para que os investimentos entre angola e os estados unidos sofram um incremento, saindo das zonas tradicionais anteriormente fixadas na energia. a visita que hoje começa é histórica.
Para os dois países. angola entra assim para um selecto grupo de países com os quais os norte-americanos quererão não só estar ligados em termos diplomáticos, mas sobretudo ser porta para os seus investimentos no continente africano. mesmo que Biden esteja em fim de mandato, que termina em Janeiro próximo, são os interesses de um e outro esta- do que estarão em causa.
O que, em princípio, dificilmente será abalado se se tiver em conta o interesse mútuo entre angola e estados unidos, assim como muitos investidores destes países, que procuram explorar ao máximo as oportunidades existentes. por isso, seja bem-vindo, presidente Biden!