Dois anos depois da realização das eleições gerais em Angola, vencidas pelo MPLA, segundo os dados avançados pela Comissão Nacional Eleitoral, seria tempo suficiente para que as formações participantes começassem a apontar espingardas para os desafios vindouros, incluindo a provável realização das primeiras eleições autárquicas.
Tendo havido um vencedor, assim como um crescimento exponencial da UNITA, que viu crescer o seu número de deputados, com base numa aliança com um partido legalizado e uma força ilegal, as forças políticas já vão cozendo as perspectivas para o que virá a ocorrer em 2027. Para já, é sabido que o panorama político contará com forças novas.
Aliás, nos últimos meses foram reconhecidas novas siglas, enquanto outras ainda lutam para obter o sim do Tribunal Constitucional. Enquanto algumas comissões instaladoras, como a do PRA JA, por exemplo, que apesar dos chumbos insiste para que obtenha a bendita legalização, do outro lado estão duas formações políticas que se parecem predispostas à auto-mutilação: PRS e a FNLA.
Com resultados deprimentes no último pleito eleitoral, os renovadores-sociais e os irmãos vivem, nos últimos dias, momentos de alguma convulsão, que os coloca ainda mais numa situação de enfraquecimento face aos demais partidos presentes no Par- lamento.
Quanto aos primeiros, o PRS, não se consegue sequer realizar um congresso para a renovação e confirmação da liderança, pretendendo-se, inclusive, nos últimos dias, pontapear uma decisão suprema do Tribunal Constitucional. Já a FNLA, hoje sob batuta do professor Nimi-A- Nsimbi, vive momentos tumultuantes, que quase fazem lembrar o período em que as renovadas imperavam no seio dos partidos da oposição.
Nos últimos dias, o secretário-geral da agremiação política foi afastado e substituído por uma nova secretária- geral, por sinal a primeira mulher na organização a assumir tal função.
Tendo em conta o passado histórico destes partidos, sendo a FNLA, fundada por Holden Roberto, uma emanação da UPA, e o PRS uma das principais revelações das primeiras eleições gerais no país, em 1992, já era altura de os seus actuais responsáveis e demais correligionários ultrapassarem as divergências que ainda os afastam caso pretendam fazer parte da fina flor da política angolana.
Os últimos resultados obtidos nas eleições de 2022, que permitiu até aos dois formarem a chamada bancada parlamentar mista, não seriam de estranhar que piorassem o desempenho, colocando-se numa situação de quase extinção.
Mesmo que consigam alguns votos, dificilmente a maioria dos angolanos iria confiar o destino do país em agremiações que nem sequer se conseguem organizar internamente.