F oi durante a preparação do Campeonato Africano das Nações (CAN), em 2010, que Angola decidiu, poucos anos antes, construir uma série de estádios e algumas infra-estruturas de apoio para a competição que o país albergaria pela primeira vez na sua história.
Em pouco tempo, as províncias de Luanda (Estádio 11 de Novembro), Cabinda (Tchiazi), Benguela (Ombaka) e Huíla (Tundavala) viram nascer infra-estruturas semelhantes a que muitos só tinham acesso através de imagens fotográficas ou televisivas.
Foi, na verdade, um investimento milionário em que foram despendidos 600 milhões de dólares norte-americanos, um orçamento de dar inveja a muitos países em África e até mesmo noutros continentes.
Quinze anos depois da competição, em que uma das maiores lembranças dos anos será, ainda, por muito tempo, o célebre empate frente ao Mali, o destino a que foram votadas muitas destas infra-estruturas é praticamente revoltante.
O pior caso é o do Tchiazi, hoje entregue ao pasto de ruminantes e outros rastejantes. Mesmo depois de ter visto brilhar no seu interior grandes estrelas do futebol africano e mundial.
Mas, afinal, o que fizemos para que a questão da gestão das infra-estruturas públicas se transformassem num enorme problema em Angola? Dizia um amigo, empresário por sinal, que a falta de gestão é um dos nossos maiores males.
Apesar de todo o investimento que se faz em termos de infra-estruturas, orçadas em largos milhões de dólares norteamericanos, poucas são as que sobrevivem poucos anos depois de terem sido inauguradas.
Os exemplos são vários, exigindo que depois o Estado volte a intervir para que tenham um destino diferente. Os estádios caminham para o mesmo destino, segundo o ministro da Juventude e Desportos, Rui Falcão Pinto de Andrade.
Nos próximos tempos, eles poderão ter gestão privada, mas, antes disso, o Estado angolano vai intervir por forma a torna-lós mais atractivos. Há muito que os estádios deveriam ter merecido um destino diferente, ou seja, passar as suas infra-estruturas para gestão privada, contrariamente à fórmula até então apresentada como a mais eficaz, mas cujos resultados até ao momento tardam em chegar.
Hoje, quase que não há nada que prenda quem se desloque ao 11 de Novembro, diferente do que se vê, algumas vezes, em Ombaka ou na Tundavala, onde as equipas locais, como o Wiliete, ainda levam muito público em determinadas fases.
Como frisou o ministro ontem, os estádios acabam por ser estruturas complexas que requerem uma gestão profissional, à semelhança do que se vê em muitas partes do mundo. Talvez se consiga agora.
Num país que se adora imensamente o futebol, por exemplo, onde os estádios enchiam inclusive em dias de semana, é importante que se encontre o antídoto para que as pessoas regressem, no sentido de se recuperar a mística perdida há bastante tempo.