À medida que se aproximam as eleições de 2027, são vários os cenários traçados a nível das organizações políticas, onde uns ambicionam, como não deveria deixar de ser, chegar ao poder, e outros a tão almejada manutenção.
Além destes, surgem outros, alguns novatos e outros antiquados, que também auspiciam os seus lugares ao sol, não fosse a política um emaranhado de interesses, onde mesmo que não se consiga ter o bolo todo, ainda assim, há esperança de alguma fatia dentro do banquete. É o bom da democracia, o boom dos interesses.
A disposição destes na Assembleia Nacional, meses depois das eleições e da tomada de posse, incluindo a própria aproximação entre os parlamentares e comissários eleitores, demonstra não só as vantagens do próprio sistema, como também evidenciam um dos sistemas que, embora falhe em de- terminados momentos, ainda se mostra ser o que melhor atende às necessidades da sociedade e às suas formas de resolução.
Algumas só desaparecem deste convívio por imperativos legais. Alguns deles por não terem conseguido os esperados 0,5 por cento de votos. E não por meros caprichos políticos de alguns, que, apesar das formações académicas, não conseguem dissociar isso.
Independentemente das situações que se atravessem, terão que ser os meios democráticos a ditarem as alterações políticas, governativas e até mesmo algumas sociais, e não medidas draconia- nas, a exemplo do passado, que redundaram em enormes fracassos com sangue, dor e luto.
É por isso que, não obstante o desejo de alguns que desejavam na fase final do conflito ver derrotada a UNITA, depois de quase esmagada no campo militar, com a morte de Jonas Savimbi, o então Presidente José Eduardo dos Santos defendeu que “nem mais um tiro”.
O que permitiu que esta organização renascesse, não obstante as reclamações e desespero de muitos que terão sido vítimas de atrocidades ou parentes de quem tenha sofrido sevicias no longo conflito armado.
De igual modo, mesmo que se viva hoje uma crise económica e social, só por meio das urnas é que se pode apregoar o desaparecimento de qualquer partido político. Torna-se, por isso, preocupante quando se vê intelectuais que se dizem democratas em toda a linha apregoarem um desaparecimento de partidos com insinuações, desrespeitando, inclusive, a escolha que milhares ou milhões de angolanos também têm o direito.
Aos poucos, infelizmente, se começa a divisar que, mais do que os meros discursos e supostos dese- jos libertários que vão apregoando, há por aí muita gente a quem assentava muito bem o título atribuído a muitos não democratas que eles dizem existir entre nós.
O desejo que têm de riscar outros indica claramente que são democratas de sentido único, incapazes de virarem as cabeças para outros lados.