Bom, todos já sonhamos uma vez. Clóves de Barros Filho sustenta que os sonhos são maioritariamente reflexos de nossos impulsos e desejos (portanto, do Eros).
Na verdade, até mesmo os nossos próprios impulsos e desejos não resultam também das situações implicantes à nossa volta.
Esta visão é amplamente sustentada por Platão, sobre a ideia de que “o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe”.
Deste modo, fica a ideia de que o nosso caráter e vontade são implicados pelas situações da sociedade em que estamos inseridos.
Assim, é natural que uma pessoa que seja nativa da região Norte de Angola goste de comer funge da farinha de mandioca, ao passo que alguém da região oposta (do sul, no caso) preferiria comer o funge da farinha de milho. Deste modo, os sonhos seriam frutos das manifestações sociais?
Faria sentido acreditar que, como aponta Ferdinand Saussure na sua visão estruturalista, o homem nasce como uma tábua asa?
Assim, seria o homem um produto da sociedade e seus sonhos escritos nas rimas e pautas da sua própria região?
Ora, sobre este parecer, Éric Robisbrawn sustenta que todas as pessoas são influenciadas pelas manifestações do seu tempo e se transformam pela realidade à sua volta.
Assim, os sonhos vêm da sociedade. Todavia, seria isso verdade? Se assim fosse, onde estaria a criatividade? Todos que vivemos no mesmo lugar teríamos os mesmos sonhos e, portanto, o mesmo destino.
Na visão do sábio e poeta Salomão, na verdade, “Deus fez o homem bom, e ele mesmo buscou muitas invenções” (Eclesiastes 7:29). Assim, seriam os sonhos resultado das nossas próprias iniciativas.
Ainda nisso, Nuan Chomsky debruça-se sobre o fato de que o homem já nasce com uma gramática nata, capaz de, por sua própria iniciativa, formar palavras e, portanto, criar seus próprios sonhos e vocábulos.
Deste modo, faria sentido a teoria de Max Weber que defende a ação social como uma de iniciativa individual. Desse modo, o que devemos pensar: nossos sonhos viriam de nós mesmos?
A nutricionista Andreia Amaral e o neurocientista Pedro Calabrez defendem a lógica de que nossa comida determina não só a qualidade do sono, como igualmente a sua especificação.
Deste modo, pessoas amantes de carne e outros alimentos de grande índice de colesterol tenderiam a ter mais propensão a sonhos eróticos e sensuais.
Neste caso, nossa comida é o design do sono? Bom, isso não justificaria o caso, que todos sabemos que em um país como a Angola, a carne é tão rara e escassa quanto o acesso ao ouro e ao mesmo Dólar, todavia nossa sociedade é maioritariamente erótica.
Então, o que deveria os sonhos? De onde vêm? Na visão de Leandro Dalla, os sonhos partem da associação de vários fenômenos internos e externos.
Da associação de fatores genéticos e tendências cultivadas. Da junção do que vemos e ouvimos. Dos livros que lemos e da comida que comemos, da sociedade em que nascemos e das pessoas com quem convivemos.
Assim, os sonhos vêm de tudo, tudo pode ser sonho e sonhado. Portanto, nós sonhamos ser tudo o que fazemos.
Por: SAMPAIO HERCULANO