Num ambiente económico cada vez mais competitivo, os resultados sustentáveis das empresas já não podem ser atribuídos apenas à capacidade técnica, ao acesso a capital ou à eficiência operacional.
Há um factor menos tangível, mas determinante, que tem ganho cada vez mais reconhecimento entre gestores e académicos: a cultura organizacional. Para alguns autores, este conceito trata-se do conjunto de valores, normas e práticas partilhadas que orientam o comportamento dentro da organização.
Para outros, é a forma como “as coisas são feitas” num determinado contexto empresarial. Há ainda quem lhe chame de “sistema operativo invisível” de uma empresa, a variável que determina como as decisões são tomadas, que orienta a interacção das equipas e traça a matriz de gestão de conflitos. Sublinhe-se que a cultura também actua como um mecanismo de autocontrolo e coesão a nível ético e operacional.
Isso é particularmente relevante em mercados emergentes, onde a informalidade e a assimetria de informação ainda são obstáculos frequentes à eficiência e ao compliance. Independentemente da definição, o consenso é claro: a cultura organizacional está na base de tudo.
É ela que confere identidade à empresa, alinha os colaboradores em torno de um propósito comum, sustenta a tomada de decisão em todos os níveis e influencia directamente a produtividade, a estratégia de inovação e até a reputação da marca.
Em Angola, onde o tecido empresarial vive uma fase de consolidação e transição, os desafios de cultura são particularmente visíveis. Muitas empresas apresentam estruturas hierárquicas rígidas, comunicação interna insuficiente e práticas de gestão débeis.
Sem uma cultura clara e partilhada, é difícil reter talento, desenvolver equipas autónomas ou responder com agilidade às exigências do mercado. Recentemente, a Formação Acelerador Empresarial, promovida pelo Grupo Acelerador Angola, abordou durante três dias com empresários e gestores nacionais diversos temas cruciais para o fortalecimento das suas organizações.
Para além de posicionamento de mercado, gestão de pessoas, processos e liderança, também foi tratada com profundidade a cultura organizacional, destacando o seu papel estratégico nas empresas.
No final, coincidiu-se, de forma natural, que este factor é essencial para uma organização sólida em termos de liderança, operação, inovação e resultados. Num país com grande potencial económico e humano como Angola, consolidar culturas organizacionais é, assim, um passo essencial para o fortalecimento do sector empresarial.
Para tal, é preciso construir uma mentalidade empresarial diferente, com uma postura de escuta activa e orientada para o desenvolvimento das equipas. A cultura organizacional não é um adorno nem uma tendência passageira — é um activo estratégico, invisível no balanço, mas determinante nos resultados.
Por: NAULILA DE ALMEIDA E COSTA