No despertar da manhã, em mais uma viagem, em mais uma madrugada de trabalho, hoje, 12 de Setembro, decidimos escrever sobre este importante tema: a corrupção e a gestão desportiva.
O desporto é, para os povos, o que o musseque é para Luanda: um lugar de sonhos, de desafios e de encontros, onde cada criança acredita que pode ser gigante. Mas quando a corrupção se infiltra, esses sonhos são trocados por esquemas, como areia que se escorre por entre os dedos. Em Angola, todos conhecemos a força simbólica do Rio Kwanza.
Quando as suas águas correm livres, irrigam terras, alimentam vidas, geram esperança. Mas quando há barragens sem gestão ou desvios na distribuição, instala-se a seca e a desigualdade. Assim é o desporto: se bem gerido, dá vida; se corrompido, seca esperanças.
A corrupção no desporto não é apenas um desvio técnico. É uma traição colectiva. Cada jogo manipulado, cada verba desviada, cada convocatória decidida por interesse particular mina a confiança pública. E sem confiança, não há desporto — há espectáculo vazio.
Nos últimos dezasseis meses, Angola deu passos importantes: aprovou o PLANADESPORTO 2024-2027, a Lei Antidopagem (Lei n.º 1/24), o Estatuto Orgânico da Agência Nacional Antidopagem e o Conselho Disciplinar Antidopagem.
São diplomas que alinham o País com os padrões internacionais e mostram vontade política de transformar. Mas a verdadeira medida não está no papel: está na prática. Relatórios públicos, plataformas digitais, processos disciplinares transparentes — é isso que está a fazer a diferença. Yuval Noah Harari lembraria que a sobrevivência das sociedades depende da confiança nas suas instituições.
Se o desporto falhar, gera descrença nos jovens. Simon Sinek diria que o “porquê” do desporto é inspirar, unir e elevar. Quando dirigentes esquecem esse propósito, o jogo perde alma.
Rui Pinto de Andrade lembraria que não basta técnica, é preiso narrativa e coragem política. Eusébio insistiria que o desporto é escola de carácter, e que só a integridade molda campeões de verdade.
É na ética, na prevenção e na fiscalização independente que se ganha esta batalha. Angola não pode aceitar um desporto refém de interesses. O caminho é claro: transparência, meritocracia e liderança ética.
E que nunca nos esqueçamos desta frase: “Cada vitória deve ser fruto de esforço e dedicação — nunca de manipulação.” É tempo de transformar o desporto angolano num farol de confiança, orgulho e transformação social.
Por: EDGAR LEANDRO
Por Angola.