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Comunicação institucional e a morte silenciosa da essência jornalística

Jornal OPaís por Jornal OPaís
24 de Outubro, 2025
Em Opinião
Tempo de Leitura: 5 mins de leitura
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A Comunicação Institucional e Imprensa tem se tornado, nos últimos anos, uma saída para muitos jornalistas que, diante das dificuldades do mercado, encontram nas instituições e organizações uma oportunidade de estabilidade e de reconhecimento. Contudo, esse mesmo espaço que garante salário fixo e segurança pode, paradoxalmente, “matar” o jornalista no sentido mais essencial da sua missão.

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O exercício pleno da liberdade crítica e a defesa intransigente da verdade. Entre as vantagens, é inegável que o jornalismo institucional oferece condições de trabalho que raramente se encontram nas redações tradicionais, como estabilidade financeira, recursos técnicos, oportunidades de formação e um ambiente onde, muitas vezes, o jornalista sente-se respeitado na sua dignidade profissional.

Além disso, há a possibilidade de participar na construção da imagem de instituições, transmitindo informação organizada e credível, prestando um serviço de utilidade pública, feito com rigor e transparência. No entanto, é também neste espaço que surgem as grandes desvantagens. O jornalista institucional deixa, quase sempre, de ser o protagonista da investigação para se tornar o porta-voz de uma narrativa pré-definida.

A crítica é abafada, a independência diluída e a pluralidade é substituída por uma voz única que é a da instituição. Muitas vezes, a autocensura passa a ser uma sombra constante, pois questionar em demasia pode significar desagradar superiores, comprometer o vínculo laboral ou até perder o emprego. Assim, o jornalismo institucional não mata apenas a criatividade, mas a essência da profissão, o compromisso com a verdade, mesmo quando ela incomoda.

O jornalista, em vez de mediador social, passa a ser um instrumento de comunicação estratégica, o que o distancia do público enquanto fiscalizador do poder. Em última instância, o desafio é encontrar o equilíbrio.

O jornalismo institucional pode conviver com a ética e a verdade, mas isso exige coragem do profissional e abertura da própria instituição. Caso contrário, continuará a ser um espaço onde o jornalista sobrevive, mas já não vive plenamente a sua missão. Outro aspecto a considerar é que o jornalismo institucional, quando mal conduzido, transforma o jornalista em mero replicador de comunicados.

Nesse processo, perde-se o olhar humano, o senso crítico e a capacidade de dar contexto às informações. Em sociedades democráticas, onde a informação deve ser plural e transparente, esta redução empobrece o debate público e distancia os cidadãos da verdade dos factos.

Mas também é verdade que muitos jornalistas encontram nesse espaço uma oportunidade de desenvolver novas competências, como a comunicação estratégica, a gestão de crises e a produção de conteúdos multimédia.

Tais competências, quando somadas à ética jornalística, podem tornar o profissional mais completo e até mais valorizado no mercado. O problema surge quando a instituição não admite espaço para a verdade, preferindo apenas o discurso favorável.

O jornalista, ao entrar para a comunicação institucional, precisa ter consciência de que a sua liberdade editorial será limitada. Essa limitação, contudo, não precisa anular os princípios que regem a profissão. É possível ser institucional sem ser propagandista.

A linha é ténue, mas pode ser mantida com integridade e clareza de propósito. O risco maior está em normalizar a autocensura. Quando o jornalista se habitua a calar ou a moldar excessivamente a realidade em função de interesses institucionais, acaba por perder a sua identidade profissional. A longo prazo, isso compromete não apenas a carreira, mas também a credibilidade perante colegas, sociedade e até perante si.

O jornalista que actua na comunicação institucional pode, ainda assim, resguardar a sua identidade profissional ao olhar para esse espaço, como um campo de serviço público. Mesmo ao transmitir mensagens oficiais, é possível organizar a informação com clareza, contextualizar os factos e assegurar que os conteúdos não sejam meramente peças de propaganda.

O compromisso deve estar em informar sem manipular, respeitando o direito do público a uma comunicação transparente. Outra forma de não abdicar dos valores da profissão é cultivar dentro da instituição uma postura de mediador responsável.

O jornalista pode aconselhar os decisores a adoptar práticas comunicacionais mais éticas, contribuindo para que a instituição seja percebida como credível e próxima da sociedade. Ao invés de silenciar ou distorcer, cabe-lhe orientar e encontrar caminhos para que a comunicação institucional não seja apenas defensiva, mas também construtiva. Preservar a ética e nunca distorcer factos nem divulgar informações que não correspondam à verdade deve ser a maior missão.

Saber colocar limites e assumir que há temas em que não pode avançar, mas sem perder a clareza com que informa. É importante também manter o espírito crítico vivo dentro de instituições e cultivar o hábito de questionar e reflectir.

É preciso valorizar a transparência sempre que possível, dando contexto e clareza às mensagens institucionais. Não se pode perder a essência do jornalismo. É preciso considerar que, antes de ser institucional, é jornalista, e essa identidade deve acompanhar em qualquer espaço.

É essencial que o jornalista preserve sempre o seu espírito crítico e a sua ligação à essência do jornalismo. Isso implica manter-se actualizado, continuar a reflectir sobre a função social da profissão e nunca perder de vista que a ética é o maior capital de credibilidade que um jornalista pode carregar.

Mesmo no espaço institucional, é possível ser rigoroso, ético e verdadeiro com valores que, no fim, fortalecem não apenas a profissão, mas também a instituição. O jornalismo institucional não precisa ser uma sentença de morte para a essência jornalística.

Cabe ao profissional transformar esse espaço em oportunidade de comunicação clara, responsável e ética, sem abdicar dos valores que sustentam a credibilidade da profissão.

Por: YARA SIMÃO

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