Antes de adentrarmos no Romantismo, abordámos, primeiro, a mensagem transmitida na poesia de Florbela Espanca, uma mulher que, ao longo da sua exteriorização, versa sobre a valorização e a despersonalização do amor, que aparecem de forma inquestionável no poema “Amar”, título este que, de forma antecipada, remete para a nãotransitividade do verbo e mostra o caminho que leva ao processo de desnudamento do eu poético.
Podemos constatar que a poetisa se apresenta cheia de sofrimentos íntimos, que soube transformar em poesia da mais alta qualidade. Assim, o que mais a preocupa é o amor e os elementos que romanticamente lhe são inerentes, designadamente: solidão, tristeza, saudade, sedução, desejo e morte. Para sustentarmos a nossa abordagem ao poema de Florbela Espanca, temos a corroborar que: A matéria central desse poema é a capacidade de amar.
Isto é posto com ênfase e intensidade já na primeira estrofe que contém, pela sua construção, um sentido hiperbólico sugerido pela repetição da palavra Amar. Intensidade e quantidade é o que se pretende. Pode-se amar intensamente uma só pessoa, mas aqui não é o caso, a importância está no sentimento amoroso apenas, sem se levar em conta quem seja o outro.(Soares, 2016, p.178). Deste modo, apresentamos, abaixo, as características do romantismo presentes no poema referenciado, de Florbela Espanca:
1 – Individualismo e Subjectivismo: É o mundo visto pela autora, onde, o que é relevante, é o estado da alma provocado pela realidade exterior. É o primado da emoção, imaginação, paixão e liberdade individual.
2- Ilogismo: Não há lógica na atitude romântica. A regra é a oscilação entre opostos, como: Alegria/ Tristeza, Entusiasmo/ Melancolia
3- Escapismo: Fuga da realidade para um mundo idealizado.
4- Lirismo: A poesia se origina no coração que é sua suprema fonte. Existem, no entanto, muitas outras características românticas, mas estas foram essenciais para situar o contexto estético em que poema de Florbela Espanca se encontra, o que se torna sinónimo de auto-expressão das suas emoções e sentimentos amorosos. Poema Amar – Florbela Espanca Eu quero amar, amar perdidamente! Amar só por amar: Aqui… além… Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente… Amar! Amar! E não amar ninguém! Recordar? Esquecer? Indiferente!… Prender ou desprender? É mal? É bem? Quem disser que se pode amar alguém Durante a vida inteira é porque mente! Há uma primavera em cada vida: É preciso cantá-la assim florida, Pois se Deus nos deu voz foi pra cantar! E se um dia hei de ser pó, cinza e nada Que seja a minha noite uma alvorada, Que me saiba perder… pra me encontrar… (ESPANCA, 1996)
Por: Feliciano António de Castro (FAC)









