Informações sobre a Polícia Nacional e a adopção de medidas para aqueles que venham a prevaricar aumentaram, consideravelmente, nos últimos dias.
São vários os relatos passados, muitos dos quais apócrifos, mas a realidade é que parece existir uma sociedade preocupada com a actuação dos agentes da ordem e efectivos de outras áreas afectas ao Ministério do Interior.
Na verdade, há alguns meses, antes mesmo de ter terminado o passado ano parlamentar, levou- se à discussão uma legislação que tinha como propósito oferecer aos angolanos uma corporação mais confiável, sem os conhecidos laivos de corrupção e práticas menos honestas que acabam por manchar negativamente.
Embora não acredite que as más práticas afectem a maioria dos agentes ou oficiais superiores, ainda assim, nos últimos tempos, se foi construindo uma imagem mais negativa do que positiva, que necessitava urgentemente de uma nova roupagem.
Aliás, é por demais sabido que um alto responsável do Ministério do Interior afirmara que ‘a gasosa era um entendimento entre o polícia e o cidadão’, tendo muitos visto nesta declaração uma aceitação à corrupção.
É curioso que, quando se adoptam medidas no sentido de se melhorar a actuação das organizações, sejam elas privadas ou públicas, há sempre em uníssono clamores de indivíduos procurando evidenciar a dureza das acções a serem implementadas.
Como em qualquer sociedade, o ideal seria que as pessoas agissem em conformidade com as leis, não prevaricando, o que consequentemente não as submeteria necessariamente às sanções na esteira das possíveis violações. Só que, durante muitos anos, por incrível que pareça, ficou-se com a impressão de que o agir correcto é que era o anormal na sociedade angolana.
Ainda estamos lembrados, por exemplo, de que no tempo da outra senhora até se realizavam festanças quando determinados Donos Disto Tudo atingissem vários dígitos nas suas contas bancárias, embora se pudesse vislumbrar, a olho nu, a proveniência menos honestas de alguns destes fundos.
Claro está que a esta altura exista em muitos de nós a convicção de que o combate à corrupção pudesse ter atingido níveis mais elevados a ponto de nos proporcionar uma sociedade mais sã.
Mas, vícios de várias décadas, enraizados num sistema de quase meio século, deverão exigir igualmente mais tempo, a esperança de muitos depositada unicamente numa geração vindoura.
Ainda assim, é desejável que, a cada dia que passa, se tenha uma polícia melhor e em que se possa ter a máxima confiança. O mesmo se passa em relação aos outros órgãos ligados ao Ministério do Interior, onde nos últimos dias se tem desencadeado uma série de acções para se resgatar a mística que as instituições devem merecer.
Pena é que existam, como sempre, aqueles que preferem a desorganização e uma actuação fora dos padrões aceitáveis, por ser, infelizmente, um caminho que permite manter o status quo da corrupção e do enriquecimento fácil de muitos.