A sétima Cimeira União Africana-União Europeia, a decorrer em Luanda, representa uma encruzilhada decisiva para Angola. Este evento transcende o âmbito diplomático habitual, apresentando-se como uma oportunidade ímpar para transformar o panorama econômico do país, reforçando a integração regional e atraindo investimentos estratégicos.
Na complexa conjuntura global atual, marcada por desafios econômicos e geopolíticos, a cimeira traz consigo a promessa de catalisar um desenvolvimento sustentável e inclusivo. Contudo, para que esse potencial se materialize, é fundamental que Angola assuma uma postura proativa e estratégica, alinhando prioridades internas às dinâmicas internacionais.
O que podemos esperar deste evento?
A dimensão econômica da cimeira é particularmente ilustrada pelo robusto investimento europeu de cerca de 2 mil milhões de euros no Corredor do Lobito, um projeto estruturante que vai além da infraestrutura física, buscando criar uma verdadeira plataforma de desenvolvimento econômico integrado para Angola e seus vizinhos.
Este corredor pode servir como eixo para a diversificação da economia angolana, tradicionalmente dependente do petróleo, promovendo setores como logística, manufatura e agroindústria.
A aposta em infraestrutura de qualidade é, assim, um habilitador para aumentar a competitividade nacional e regional na cadeia global de valor. Mais profundamente, espera-se que este evento sirva para catalisar a transição rumo a uma economia sustentável, com o foco na criação de emprego de qualidade e na formação técnica, aspectos reconhecidos como vitais para superar o desemprego estrutural e aumentar a produtividade.
A transferência de tecnologia e o reforço das capacidades locais através da cooperação bilateral são imperativos para que o país consiga absorver o conhecimento necessário para inovar e agregar valor aos seus recursos naturais e humanos. A governança é outro eixo central.
A cimeira reforça a necessidade urgente de Angola melhorar seus mecanismos internos de transparência, eficiência e combate à corrupção, elementos decisivos para atrair investimentos privados e garantir a sustentabilidade dos projetos.
O desafio é construir uma administração pública robusta e um ambiente de negócios que inspire segurança jurídica e confiança aos investidores, nacionais e estrangeiros. Do ponto de vista social, a cimeira deve motivar políticas que promovam inclusão, reduzam desigualdades e fortaleçam a coesão social, sob pena de o crescimento econômico não se traduzir em desenvolvimento humano.
A população civil será beneficiada diretamente pelo aumento de oportunidades, mas também precisa estar engajada e preparada para participar ativamente dessas transformações, por meio da educação, capacitação e inovação comunitária.
Conselhos Finais:
Para o Governo, o momento exige uma visão estratégica clara e execução rigorosa. É imprescindível articular políticas públicas alinhadas com as prioridades da cimeira, monitorar os investimentos com transparência e fomentar um ambiente favorável à iniciativa privada e inovação tecnológica.
Um compromisso renovado com a boa governação e o combate à corrupção deverá ser prioritário. Para a população civil, o conselho é estar atenta e ativa, buscando acesso à educação e qualificações técnicas, participando dos processos de desenvolvimento local e exigindo responsabilidade social dos atores públicos e privados.
A consciência sobre a importância da governança, do ambiente favorável aos negócios e da sustentabilidade será determinante para maximizar os benefícios do evento.
Em suma, a cimeira representa uma oportunidade histórica para Angola não só fortalecer sua posição no contexto internacional, mas principalmente para impulsionar mudanças estruturais que pavimentem um futuro sustentável, inclusivo e próspero.
O sucesso deste empreendimento dependerá do alinhamento entre governo, setor privado e sociedade civil para transformar desafios em ganhos reais e duradouros para Angola e a África em geral.
Por: Diogenes Lenga









