Caro coordenador do Jornal OPAÍS, saudações e votos de uma boa quarta-feira. Na verdade, o aborto é um tema que carrega um peso enorme porque não se trata apenas de uma decisão individual, mas de uma escolha que toca em valores éticos, sociais e até espirituais. A prática envolve o fim de uma vida em formação, e isso já a coloca num terreno delicado.
Mesmo quem defende a sua legalização reconhece que há consequências profundas, tanto físicas quanto emocionais, que não podem ser varridas para debaixo do tapete.
O perigo não é apenas biológico, é também humano. Do ponto de vista médico, abortos feitos em condições inseguras representam risco de morte, infecções graves e esterilidade. Muitas vezes, mulheres recorrem a práticas clandestinas porque não têm acesso a acompanhamento adequado.
O perigo aí não é só o procedimento em si, mas a marginalização social que força alguém a enfrentar um risco de vida por falta de políticas públicas ou orientação responsável. O corpo paga a conta de uma escolha feita num momento de desespero. No plano psicológi-co, o aborto pode deixar cicatrizes silenciosas.
A culpa, o arrependimento e a memória de uma decisão difícil podem acompanhar uma pessoa por anos. Não são todas que sofrem da mesma forma, mas é comum ver relatos de mulheres abaladas emocionalmente, enfrentando ansiedade e depressão depois do procedimento. É um tipo de dor que não aparece nos exames médicos, mas corrói por dentro.
POR: Keliano André Luanda, Samba