Prezado coordenador do jornal O País, é com muito orgulho que escrevo para este prestigiado jornal. Sempre ansiei por um país onde se respeitasse a nossa cultural e a mulher angolana. Não sei se alguém já passou por este grande constrangimento, mas quero ressaltar que enqua nto tra ba l hei num armazém como vendedora, vi muita coisa. É a realidade, é um facto e uma verdade.
Ou seja, muitas jovens e mesmo até donas de casa encontram no trabalho da venda nos armazéns como digno e alternativo como o seu ganha-pão e para o sustento das suas famílias. Com a falta de emprego todas estamos na luta, e muitas aceitam os 10.000Kz à 20.000 kz mês que eles oferecem, ao contrário dos actuais 100.000,00 Akz que o governo e a lei impõe. A responsabilidade é de todos. Das autoridades policiais e da Inspeção Geral do Trabalho. A prostituição, um tema polémico, uma das mais antigas profissões e uma realidade dos nossos dias.
A prostituição é vulgarmente entendido como uma troca consciente de favores sexuais por dinheiro ou por um outro bem em benefício pessoal. O grande problema é que todos negam, ninguém assume este crime, que vai desviando a sociedade e destruindo lares e famílias. As culpas todas recaem as mulheres, e esquecemos de olhar, as causas e as ações que alimentam este mal social. Os comerciantes muçulmanos, trocaram o Mali, Senegal, Nigéria ou a Guiné-Conacri por Angola a procura de melhores condições de vida na prática do comércio.
Os patrões nos armazéns aliciam as vítimas, com promessas de manutenção de emprego e aumento salarial. Quando o patrão está a manipular, controlar muito e criar situações humilhantes é porque já tem intensões negativas com a trabalhadora e ela não quer ceder. Eles aproveitam-se da situação vulnerável e fragilizada de muitas jovens para estas práticas.
Geralmente quando se trata de uma novata nós percebíamos no dia seguinte ou momentos depois de ser abusada pelo patrão, atendendo a mudança radical na sua, autoestima que se verifica baixa, insegurança, ansiedade ou depressão.
É também comum, o aliciamento das jovens trabalhadoras e clientes, por troca de roupas e calçados. Infelizmente muitas delas encontraram nestas práticas a fuga ou o escape para a extrema pobreza, querer vestir bem e se alimentar no local de trabalho.
Práticas estas que vêm, arrastando muitas adolescentes que não resistem ao dinheiro fácil. Moradores e famílias vêmse incapazes de travarem o fenómeno, porque eles fazem isso na wc dos armazéns e nas casas que eles arrendam e os vizinhos só olham.
O assunto é de domínio público e os efeitos nocivos destas práticas também o são, mas as autoridades e a sociedade civil preferem colocar o tema em gavetas enquanto famílias são destruídas. É difícil identificar uma única causa para este mal, mais é consensual que a pobreza, a má educação empurram os jovens a prostituição.
Ainda assim, os fatores indicados não justificam. Há jovens, crianças e famílias inteiras com o futuro comprometido por conta deste mal, que pela evolução do fenómeno, não nos surpreende ver a prostituição a tornar-se muito em breve num caso de saúde pública no país. Muitas estão no obscurantismo e nem sequer querem saber se existe uma lei de trabalho, que lhes defende quando os seus direitos são beliscados ou atropelados, a falta de contratos de trabalho. Peço ao SIC que desmantele esta rede de prostituição e promiscuidade nestes armazéns.
Pois que volta e meia vejo nas notícias das cadeias televisivas do país, prisão deste e daquele, por isso e por aquilo, “Serviço de Investigação Criminal (SIC) desmantelou um grupo” Quem quiser constatar, é só andar pelos armazéns e permanecer um tempo e fazer lá amizade que vai entrar no ‘game’.
Por: Antónia da Costa
À coordenação do jornal OPAÍS, saudações e votos de óptima quarta-feira!









