Se há uma modalidade que merece aplausos de pé quando se fala em desporto angolano, essa modalidade chama-se andebol. Em cinquenta anos de independência, o andebol foi mais do que uma modalidade desportiva, foi símbolo de resistência, bandeira de vitórias e espelho de organização num contexto onde tantas outras modalidades oscilaram entre avanços e retrocessos.
Basta uma rápida visita à galeria de conquistas para perceber que o andebol feminino angolano não tem rival em África. Com títulos continentais que já exigem uma vitrine reforçada, as nossas Pérolas tornaram-se uma marca registada de competência.
Elas não apenas dominam provas africanas de selecções e clubes, como também mostram brilho em palcos de elite, como campeonatos do mundo e jogos olímpicos, onde não vão só participar, vão competir.
Mas o andebol angolano não é só feito de pódios femininos. Nos masculinos, ainda sem troféus expressivos, o caminho também é de esforço reconhecível. Angola já não é apenas um convidado simpático, tornou-se presença habitual nas principais provas do continente e começa a ensaiar passos mais firmes no cenário global.
Internamente, enquanto outras modalidades lutam por um melhor calendário, o andebol mantém uma máquina competitiva de respeito. Juvenis, juniores, seniores, há organização, há regularidade, há formação. E essa base é o verdadeiro segredo da longevidade.
Não se chega a 50 anos de excelência por sorte. Chega-se com trabalho. Durante estas décadas, a Federação Angolana de Andebol viu várias lideranças assumir o leme. E embora os rostos mudem, a dedicação permanece.
A estrutura resiste às intempéries políticas e económicas. Isso não acontece por acaso, acontece porque o andebol é gerido por quem ama o andebol. E nesse cenário, surge com destaque a figura do actual presidente, José Amaral “Maninho”.
O seu nome hoje é sinónimo de estratégia, visão e valorização da história. A recente exposição “O Caminho das Pérolas”, em Benguela, não é apenas uma viagem nostálgica, é uma lição de patriotismo e gratidão.
Ao contar a história das heroínas que vestiram a camisola nacional, Maninho lembra-nos que o desporto também se faz de memória. E que quem não homenageia as suas glórias, está condenado a esquecê-las.
O andebol angolano não é perfeito, e que bom que não é, pois assim continua a evoluir. Mas é, sem dúvida, o exemplo mais robusto de como o desporto pode ser consistente, organizado e vencedor.
Que as novas gerações sigam este legado, que os clubes continuem a formar com qualidade, e que o espírito de superação que moldou este percurso continue a mover cada remate, cada defesa e cada golo.
Porque, no final, o andebol angolano não é apenas a modalidade mais estável do país, é também, um orgulho nacional. E isso, meus amigos, não se mede em taças. Mede-se em respeito.
Por: Luís Caetano