E m uma sociedade tão padronizada, pressionada e acelerada, onde os valores morais estão em vias de extinção, qual é o papel dos pais na construção da educação dos filhos!? Os pais desempenham um papel fundamental no crescimento e desenvolvimento dos filhos, tendo o primeiro contato sem antes frequentarem uma instituição com os pais, que lhes ensinam sobre ética, valores, amor ao próximo.
A educação começa no berço: o contato, a convivência. Muitas vezes, a personalidade do indivíduo é forjada pelos próprios pais. A escola, a igreja, as casas de música, dança e teatro, o cinema vêm complementar, apenas.
A educação é a arma mais poderosa para erradicar a pobreza Nelson Mandela. Brincar com a educação e com o futuro sustentável é brincar com o país! Educação não é um negócio é um aliado poderoso na construção social, política e económica de Angola.
Ambientes familiares tóxicos são contextos de relações desequilibradas, onde não há respeito, empatia e amor, minando a confiança e a autoestima do indivíduo, o que acaba por afectar a sua saúde mental.
Nesses lares, o que deveria ser espaço de acolhimento, apoio e desenvolvimento saudável transforma-se numa fonte de sofrimento, insegurança e bloqueio emocional.
O amor é muitas vezes condicional, e a individualidade dos membros da família é reprimida, levando à baixa autoestima, ansiedade, culpa crónica e dificuldade em estabelecer relações saudáveis fora de casa. São ambientes que te sugam toda a energia e te reduzem a nada, trazendo ao indivíduo problemas futuros de socialização, ansiedade e depressão.
Nesses ambientes, geralmente os pais tendem a associar e a projetar nos filhos aquilo que não conseguiram realizar por conta da guerra e de situações económicas. É muito difícil prosperar num ambiente assim, onde se esgotam todas as energias do indivíduo. Ambientes familiares tóxicos são uma realidade enfrentada por muitos jovens angolanos.
Algumas características desses ambientes familiares tóxicos são:
• Manipulação emocional
• Controlo excessivo
• Críticas constantes
• Desvalorização
• Comportamentos narcisistas
• Egocentrismo
• Ações prejudiciais e desestabilizadoras, sem reconhecer o impacto negativo que causam na vida dos filhos Neste contexto, os filhos acabam crescendo sem referências, com falta de representatividade e sem perspectivas de futuro, enveredando por caminhos não muito bons, como a delinquência, o uso de drogas e a prostituição.
O papel dos pais na construção da educação dos filhos é muito complexo. Vai muito além de um simples acompanhamento escolar. Não basta apenas pagar a escola, comprar roupa e sapatos, e colocar comida na mesa é preciso mais. Educar com a alma, com intenção.
Sabemos nós que os pais são os nossos deuses na Terra. São os primeiros e mais influentes educadores: primeiro professor, primeiro amigo, primeira referência, primeiro exemplo sendo responsáveis pelos comportamentos que moldarão o caráter e o crescimento cognitivo e social dos seus filhos.
Como lidar com um pai que não vê futuro no seu filho!? Tendo uma base sólida de amigos, fazendo terapia, sabendo qual é o seu propósito de vida e tendo autoconhecimento. Não é fácil lidar com essa situação. Infelizmente, nem todos tivemos a dádiva de ter pais que acreditaram em nós e está tudo bem.
Papéis dos pais na construção da educação dos filhos:
•Transmissão de conhecimento
• Exemplo
• Referência
• Estimular a aprendizagem
• Limites
• Apoio emocional
• Transmissão de valores
• Parceria com a escola
A construção da educação dos filhos é um processo contínuo que exige presença, escuta, paciência e coerência. Independente de tudo, não existem “ex-filhos”, e mesmo crescidos, já com liberdade, já formados filhos nunca deixam de ser filhos.
Ainda precisam de acompanhamento e monitoramento. Quando pais e responsáveis assumem com responsabilidade esse papel, contribuem para a formação de indivíduos mais conscientes, éticos, preparados e felizes.
E é disso que precisamos: de jovens com limites, sem medos, com mindset de crescimento, dispostos a conquistar o mundo, trazendo melhorias significativas para a vida da sua comunidade, do seu país jovens autoconfiantes.
Por: JULIETA ANGELINA FERNANDO
*Estudante de Análises Clínicas e Saúde Pública, Escritora e Gestora de Projectos