Osorteio das competições africanas de clubes já foi feito e o destino dos emblemas angolanos está traçado. Petro de Luanda, 1.º de Agosto, Kabuscorp e Wiliete de Benguela já conhecem os seus primeiros obstáculos rumo aos palcos maiores do futebol continental.
A Liga dos Campeões Africanos e a Taça da Confederação, o emblemático troféu Nelson Mandela, prometem exigência máxima, e os nossos clubes terão que provar, desde cedo, se a ambição vai além dos discursos. O Petro, campeão nacional, começa a sua caminhada frente ao Cercle de Joachim das Ilhas Maurícias.
Em teoria, é um adversário acessível, mas no futebol africano o “em teoria” já eliminou muitos favoritos. Os tricolores têm um historial recente de presenças na fase de grupos e até nas meias-finais, e partem como os mais experientes do quarteto angolano.
A preparação meticulosa e a continuidade de um modelo competitivo são trunfos que o Petro carrega. Mas atenção, qualquer descuido pode ser fatal. O Wiliete, por sua vez, estreia-se nas lides continentais com uma missão nada fácil diante do Young Africans, da Tanzânia, um dos clubes mais organizados da África Oriental e com várias finais disputadas na Taça da Confederação.
Os benguelenses vão precisar de mais do que entrega e vontade. Precisam de estratégia, nervos de aço e maturidade competitiva para não se perderem na grandeza do adversário. O Kabuscorp regressa às competições africanas com o estatuto eufórico de quem voltou à ribalta. Mas a travessia será espinhosa, o histórico Kaizer Chiefs da África do Sul é o adversário da ronda preliminar.
Um gigante continental, com milhões de adeptos e estrutura de topo. Será um verdadeiro teste à ambição do clube do Palanca, que agora tenta reviver os dias dourados sob pressão e olhos atentos.
A imprevisibilidade pode jogar a favor de uma equipa em reconstrução, mas será preciso mais do que fé. O 1.º de Agosto, por sua vez, terá pela frente o AS Otoho do Congo. Um adversário físico, competitivo e habituado a disputar preliminares.
Os militares têm uma tradição africana de respeito e sabem o que é vencer fora de portas. A missão está ao alcance, mas a organização interna, a escolha certa dos reforços e a serenidade táctica vão pesar no sucesso da equipa.
O clube precisa reencontrar a consistência que já o levou à glória em anos recentes. No fim das contas, o sucesso ou fracasso dos nossos representantes nas Afrotaças estará directamente ligado à planificação, ao profissionalismo e à qualidade da gestão desportiva.
Já não basta apenas “querer ganhar”; é preciso saber como. O futebol africano evoluiu, os detalhes contam, e quem não se preparar bem verá os seus sonhos ruírem ainda no início da temporada. As cartas estão na mesa. Agora é com eles e connosco, que vamos acreditar, cobrar e apoiar.
Por: Luís Caetano