À medida que 2024 chega ao fim, o mundo atravessa uma era de mudanças aceleradas. A inteligência artificial, as alterações climáticas e as desigualdades globais desafiam as nações a reimaginar o seu papel no futuro. Angola, com a sua juventude vibrante e vastos recursos, enfrenta um momento decisivo: transformar potencial em progresso real.
Este país tem uma história rica de resiliência, mas também carrega os desafios de desigualdades sociais, falta de infra-estruturas básicas e uma transição económica ainda por consolidar.
Apesar disso, os sinais de esperança são abundantes. Iniciativas locais lideradas por jovens, comunidades que se organizam para superar adversidades e projectos como o Planadesporto ou as recentes reformas educativas são exemplos de que Angola pode prosperar. Contudo, para que tal aconteça, há três pontos que exigem atenção urgente.
1. Tecnologia ao Serviço da Comunidade A tecnologia é uma das maiores promessas de transformação para Angola, mas o acesso desigual à internet e à literacia digital representa um obstáculo crítico.
Projectos como os laboratórios tecnológicos criados por jovens em Luanda ou startups que utilizam dados para melhorar o acesso à saúde já mostram o caminho. O desafio será expandir essas iniciativas para todo o território, garantindo que mesmo as comunidades rurais se beneficiem.
A recente expansão de centros de formação tecnológica nas províncias do Bié e da Huíla demonstra como a descentralização pode funcionar. Este modelo deve ser replicado e ampliado.
2. A Juventude como Pilar do Progresso
Com mais de 60% da população abaixo dos 25 anos, a juventude de Angola não é apenas o futuro – é o presente. Contudo, este grupo enfrenta desemprego elevado, dificuldades de acesso à educação e poucas oportunidades culturais.
O investimento em espaços que valorizem o desporto, a arte e a inovação é essencial. Políticas públicas devem ser complementadas com estímulos ao empreendedorismo jovem e uma verdadeira reforma no ensino secundário e superior.
A participação de jovens angolanos na criação de startups tecnológicas em Benguela, com soluções para a agricultura e o comércio, demonstra que o talento existe – precisa apenas de apoio.
3. Sustentabilidade e Equilíbrio com o Ambiente
As alterações climáticas já afectam Angola, desde a desertificação no sul até às cheias em regiões ribeirinhas. Proteger os recursos naturais não é apenas uma questão ética, mas uma necessidade económica.
Projectos como a reflorestação do Planalto Central ou a energia solar na província do Namibe são bons exemplos. Contudo, é essencial integrar estas acções numa política nacional clara, com apoio financeiro e comunitário.
O envolvimento de comunidades locais em programas de agroecologia na província do Cunene prova que soluções baseadas no conhecimento tradicional são possíveis e eficazes.
A Travessia do Futuro
Ao longo da história, os momentos de maior progresso surgiram de períodos de crise. Angola tem uma oportunidade única de unir esforços governamentais, empresariais e comunitários para construir um futuro inclusivo e sustentável. Mas é fundamental que esta construção não seja feita apenas no papel – deve ser vivida nos bairros, nas escolas, nos mercados e nos campos.
O ano de 2025 traz promessas e desafios. Angola pode ser um exemplo para o continente e para o mundo, mas isso exige coragem colectiva e vontade política para enfrentar os problemas de frente.
Não é uma tarefa fácil, mas a história já mostrou que os angolanos sabem superar adversidades. A verdadeira força de Angola não está nos seus recursos naturais, mas nas suas pessoas.
Para o agricultor no Huambo, para a jovem empreendedora em Luanda e para o estudante no Namibe: o futuro pertence a quem o constrói. Angola pode ser uma Nação de líderes – e não apenas de sobreviventes.
Por: EDGAR LEANDRO