Em Angola, tornou-se comum as expressões “granda prof”. Felizmente, são palavras que, de certo modo, dignificam e dão honra aos professores exemplares, aqueles que têm comprometimento, ética, pensamento crítico, empatia e paciência.
Por outro lado, professores exemplares são aqueles que se preocupam com a construção do saber, saber ser e o saber fazer. Entretanto, apesar de ter um valor positivo em muitos contextos, actualmente, essas expressões são utilizadas com pendor irónico.
Em situações mais graves, os alunos bajuladores, aqueles que elogiam em excesso e por interesse, utilizam essas expressões “granda prof” com o objectivo de ludibriar os professores. Essa prática tornouse comum em momentos de provas, correcções e lançamentos de notas/resultados finais.
Nessa fase dos exames, os termos “granda prof” tornaram-se como canções. Se o professor tentar dançar essa música, poderá avaliar positivamente o aluno, porque é/foi elogiado regularmente por ele, sim, basta um “granda prof”, que a minha vida académica fique resolvida, dizem os alunos.
No que se refere ao processo avaliativo, o professor deve separar as águas, ou seja, ele não deve atribuir notas só porque é chamado de forma carinhosa dentro e fora da sala de aula.
A nota é algo que se deve conquistar por mérito, por esforços constantes e bastante dedicação; não é algo que se dá por obrigação, retribuição ou agradecimento. Também não estou a passar ideia de que o professor, em função do bom comportamento do aluno no processo de ensino e aprendizagem, não deve acescentar alguns valores na MAC, Média das Avaliações Contínuas, não é isso.
Porém, o professor não deve atribuir notas ao aluno como agradecimento pelo elogio que recebe, tal como aprendemos, o uso por excesso do “granda prof” pode, naturalmente, ser uma ironia ou um elogio por interesse.
No entanto, se o “GRANDA PROF” for dito de coração, o professor pode agradecer; se for dito em tom de bajulação, o professor pode até sorrir, portanto, quer seja na primeira, quer seja na segunda situação, o professor não deve atribuir notas como retribuição e, se o aluno persistir no kuduro do “GRANDA PROF”, pode até respondê-lo com o Semba do “GRANDA ALUNO”.
Por: LUTINA SANTOS