Falta um mês. Só isso. E o silêncio é ensurdecedor. O Afrobasket 2025 aproxima-se com passos largos e, paradoxalmente, discretos. Angola, esse gigante continental do basquetebol, dono de onze títulos africanos, será anfitriã da maior festa da bola ao cesto no continente.
E, no entanto, nas ruas de Luanda e Namibe, cidades-sede do torneio, reina a apatia. Nenhuma faixa a saudar os campeões do passado. Nenhuma bandeira a tremular nos cruzamentos. Nenhum cartaz a lembrar que o país está prestes a receber uma elite que joga com paixão e orgulho pelo continente.
Não há festa sem convidados, nem alma sem calor. O basquetebol angolano, que outrora foi sinónimo de glória, raça e domínio, precisa reencontrar-se com o seu povo.
Onde estão os rostos que fizeram Angola vibrar? Necas, Jean-Jacques, Cipriano, Baduna, José Carlos… nomes que têm história nas mãos e que, hoje, deviam estar nas escolas, nos mercados, nas praças, reacendendo a chama da nova geração. Urge transformar este campeonato num movimento nacional.
Os media precisam assumir o papel de motor da motivação. Precisamos de mais reportagens, debates, campanhas, desafios nas redes sociais, caravanas pelas províncias.
Que os jovens conheçam o passado para poderem vestir com orgulho o presente. A Selecção Nacional precisa sentir que joga por milhões. E o povo precisa lembrar-se de que também joga com ela, mesmo pela televisão, mesmo à distância.
O Afrobasket não é só um evento. É uma oportunidade. De união. De reencontro com a glória. De lembrar à África que Angola ainda é potência, e não apenas memória. Que venha o grito. Que venha o espírito. Que venha a festa. Angola merece.
Por: Luís Caetano