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A escrevivência netiana em Sagrada Esperança (Parte 2)

Jornal Opais por Jornal Opais
17 de Outubro, 2024
Em Opinião
Tempo de Leitura: 4 mins de leitura
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Os elementos da cultural promovida pelo colonialismo é outra marca recorrente em Sagrada Esperança, porquanto a identificação do sujeito poético com sua identidade cultural ocorre inicialmente de maneira existencialista, ou seja, o mesmo desconhece as particularidades deste planeta cultural, mas ainda assim sabe que é o seu, não faz o uso de elementos empíricos, como cor da pele ou pertencimento racial para se identificar com os irmãos: meu irmão do mesmo sangue / Eu saúdo! / Esta mensagem / seja o elo que me ligue ao teu sofrer / indissoluvelmente / e te prenda ao meu Ideal, (2016, p. 57).

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A recusa da realidade social da época e a busca incansável pela dignidade sepultada pelo opressor são dimensões igualmente fortes na voz sem igual da poesia netiana em Sagrada Esperança, pois não aceita em momento algum a realidade da opressão e, diante dessa realidade, considera impossível não a inserir na sua produção poética, implicando uma interrogação total do sujeito enquanto entidade afetada pelo social e pela história na busca incessante da identidade e da mudança: vão / esforçadas na incerteza / por abraçar / os pontos de interrogação de existência. / São homens / que chegaram / e se não acharam / Lá vamos nós!… (2016, p. 46).

Concordamos com Reis (1998) a respeito do processo de articulação de obras literárias, nesta senda, cremos que a poesia netiana em Sagrada Esperança enquanto resultado articulado e coerentemente estruturado de enunciação da linguagem literária, é detentora de certas características, que sinteticamente podem ser descritas deste modo: apresenta a configuração de um universo de natureza ficcional, com dimensão e índice de particularização muito variáveis: A minha glória / é tudo que padeço / e que sofri / Os meus sorrisos / tudo o que chorei… (2016, p. 55); ao mesmo tempo, evidencia uma considerável coerência, tanto do ponto de vista semântico como do ponto de vista técnico-compositivo: Nós / da África imensa / negra / e clara como as manhãs da amizade / desejosa e forte como os passos da liberdade… (2016, p. 71).

A linguagem da poética netiana em Sagrada Esperança possui peculiaridades que a torna única no universo linguístico, isso porque é mui paradoxal, quer dizer, apresenta um leque de vocabulário simples demais e ao mesmo tempo tão profundo como mistérios, transpassando a função comunicativa e persuasiva.

A relação que os signos linguísticos estabelecem na organização estrutural da poesia e a coordenação que os relacionam entre si constituem o núcleo sobre o qual caracteriza o conjunto de signos literários de modo significativo e fenomenal: Um amanhecer vital / em que se transforma as sensações orgânicas / sobre o solo pátrio… (2016, p. 117); Construção / e / reencontro / Chegados à hora / caminha o povo infatigável para o reencontro / para de novo se descobrir e fazer… (2016, p. 119).

Assim sendo, notamos que na Sagrada Esperança um novo sistema linguístico é instaurado, haja vista que os vocabulários extrapolam o sistema semântico, para aviventar o sistema literário, o qual se converte no centro conteudístico das construções poéticas: Latas pregadas em paus / fixados na terra / fazem a casa / Os farrapos completam / a paisagem íntima… (2016, p. 45).

Entretanto, elaborar um projecto de construção da identidade nacional utilizando o sistema linguístico do colonizador constituía um desafio sem igual e o diálogo permanente com as raízes culturais e a necessidade de se redescobrir enquanto africano era um passo inevitável para a voz poética de Neto: Vibro / em áfricas humanas de sons festivos e confusos / que línguas pronunciais em mim irmãos / que não vos entendo neste ritmo?… (2016, p. 72).

Sob o ponto de vista de Silva (2004) a comunicação literária da Sagrada Esperança caracteriza-se como uma comunicação de tipo disjuntiva e diferida, isto é, realiza-se em absentia de uma das instâncias do processo comunicativo – o autor ou leitor – e com um lapso temporal de maior ou menor amplitude entre o momento da emissão e o(s) momento(s) da recepção.

As propriedades formais que caracterizam a literatura como entidade semiótica, caracterizam também obrigatoriamente a Sagrada Esperaça, já que, representa uma actualização do sistema semiótico literário, constitui uma entidade delimitada topológica, temporalmente e possui uma organização interna que a configura como um todo estrutural: Um boquet de rosas para ti / -rosas vermelhas brancas / amarelas azuis- / rosas para o teu dia / Suavidade e frescura / das curvas ansiosas da terra / e a exaltação poética da vida… (2016, p. 94).

Sob o olhar de Soares (2012) nenhuma literatura surge ou se desenvolve sozinha, por mais que a angústia da influência nos leve a negar. O estudo da formação de uma literatura não pode, portanto, realizar-se fora das implicações desta constatação.

A partir daí, é evidente que a poesia netiana em Sagrada Esperança é uma entidade pluristratificada, ou seja, constituída por diversos níveis de expressão, compreendendo uma dimensão virtualmente intertextual, na medida em que é possível a relacionar com outras obras como a Sobreviver em Tarrafal de Santiago, Nga Muturi, entre outras, com as quais dialogam.

Em Sagrada Esperança a poesia significa uma ferramenta de combate, no seu plano interior, as palavras contêm a esperança da libertação africana, em particular angolana, a audácia da desalienação da cultural Ocidental insuflam a necessidade de acção libertadora do homem, de modo a semear esperança destemida na certeza de que o povo tome de consciência.

Portanto, para compreender a profundidade mais íntima da poesia netiana em Sagrada Esperança é imprescindível despir-se de qualquer cor partidária, ter uma consciência preparada para viajar nos mistérios da tinta permanente que a Agostinho Neto utilizou para escreviver os poemas da obra em questão, e acima de tudo estar preparado para reconhecer o elegância viva do seu profetismo poético, porque de facto Neto é um verdadeiro profeta literário.

Referências Bibliográfica

Gonga, Maieuta. (2018). Poética Negritudinista de António Jacinto como forma de resistência à colonização Portuguesa. Templários. Neto, Agostinho. (2016). Obra Poética Completa: Sagrada Esperança; Renúncia Impossível; Amanhecer. Luanda. Reis, Carlos. (1998).

O Conhecimento da Literatura, Introdução aos Estudos Literários. Lisboa. Silva, Victor Manuel de Aguiar (2004). Teoria e Metodologia Literárias. Lisboa. Soares, Francisco. (2012). Kicola: Estudos sobre a Literatura angolana no século XIX. Luanda Sul: Mayamba.

 

Por: FELELÉ D’PAPEL

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