Na Sexta-feira passada tive a oportunidade de assistir ao Congresso Internacional de Liderança Assertiva, um evento idealizado por Francisco Destino, que contou com intervenções marcantes da Primeira-Dama Ana Dias Lourenço, do ex-Primeiro-Ministro de Portugal Passos Coelho e da empresária e mentora brasileira Veridiana Cavalheri.
Foram muitas as ideias interessantes partilhadas, mas uma em particular ficou a ecoar dentro de mim e serviu de base para esta reflexão de hoje: vivemos na era da pós-verdade. Mas o que é isso, afinal? A pós-verdade é um tempo em que os factos, os números e a realidade objectiva deixaram de ser o principal critério para acreditarmos em algo. O que passa a ter mais peso é a narrativa, a emoção que a história nos provoca e a forma como aquilo que ouvimos nos faz sentir. Algo pode não ser exactamente mentira, mas também não é vivido como verdade por quem recebe a mensagem.
Na prática, isso acontece todos os dias na nossa vida comum. Uma notícia é lida fora de contexto e rapidamente gera indignação. Um áudio reenviado num grupo cria medo, revolta ou desconfiança, mesmo sem sabermos a origem.
Uma história contada por alguém de quem gostamos é aceite sem questionamento, enquanto a mesma história, dita por alguém com quem não simpatizamos, é logo colocada em causa. Hoje temos acesso a mais informação do que nunca.
Em segundos sabemos o que se passa do outro lado do mundo. Temos redes sociais, plataformas digitais, vídeos, artigos, opiniões e especialistas para todos os gostos. Paradoxalmente, nunca foi tão difícil saber o que é verdade.
Vivemos tempos em que se acredita mais no que confirma aquilo que já pensamos, do que naquilo que nos obriga a rever posições. Preferimos narrativas confortáveis a verdades desconfortáveis. E assim, muitas vezes, deixamos de procurar a verdade para apenas defender versões.
Isso tem impacto na política, na sociedade, nas relações pessoais e até dentro das famílias. Quantos conflitos nascem não de factos, mas de interpretações? Quantas relações se desgastam porque cada um vive a sua própria verdade, sem espaço para escutar a do outro? A era da pós-verdade exige de nós algo cada vez mais raro e precioso: pensamento crítico, humildade para questionar e maturidade emocional para lidar com opiniões diferentes das nossas. Exige.
pausa antes de partilhar, reflexão antes de reagir e responsabilidade na forma como comunicamos. Talvez o grande desafio do nosso tempo não seja ter acesso à informação, mas aprender a discernir. Separar emoção de facto. Narrativa de realidade. Opinião de verdade.
Que esta partilha nos ajude a sermos mais atentos, mais conscientes e menos reféns do que apenas nos toca emocionalmente. Porque nem tudo o que sentimos como verdade, é verdade.
E nem toda a verdade chega até nós da forma mais confortável. Que Deus abençoe a sua jornada e lhe dê discernimento, sabedoria e serenidade para navegar neste tempo tão complexo.
Por: Lídio Cândido (Valdy)
N’gassakidila.









