A avaliação tem, de certo modo, um papel crucial no sistema de ensino, estimulando os alunos para o sucesso, os professores na organização do seu trabalho pedagógico e ainda orienta os responsáveis da educação na selecção de propostas, medidas e políticas acertadas para o melhoramento do sistema de educação e ensino.
Ademais, o objectivo da avaliação não consubstancia na punição, na classificação ou na certificação, mas sim no de diagnosticar e construir para o desenvolvimento intelectual, social e moral dos indivíduos.
No presente trabalho, trazemos à tona o conceito de avaliação, as suas etapas ou fases e os níveis integrados da avaliação de forma articulada, designadamente: avaliação da aprendizagem, avaliação institucuional e a avaliação do sistema escolar.
1.1.Conceitos de avaliação Na perspectiva de Taylor (1921), citado por Haydt (2014), a avaliação “consiste essencialmente em determinar em que medida os objetivos educacionais estão a ser realmente alcançados pelo programa do currículo e do ensino”. Neste caso, são os objetivos de ensino e aprendizagem que guiam o processo avaliativo e este apresenta-se como sendo um processo de carácter funcional, pois se processa em função dos objetivos.
De acordo com Perrenoud (1999) “a função essencial da avaliação é ajudar o aluno a aprender e o professor ensinar”. Neste sentido, avalia-se para auxiliar o aluno na construção da sua aprendizagem, agindo com consciência das suas limitações e dificuldades, reflectindo sobre as suas forças, as suas fraquezas e as possíveis ameaças que interagem no contexto e na realidade que envolve todo o sistema onde se processa o ensino. Através da avaliação, procura-se diagnosticar os problemas a serem corrigidos visando na qualidade do processo de aprendizagem do aluno.
1.2. Níveis da avaliação A avaliação, no âmbito escolar, é uma tarefa de capital importância na medida em que os seus resultados repercutem nos vários âmbitos de dimensões da acção educativa.
Deste modo, podemos distinguir os seguintes níveis articulados da avaliação: •Avaliação da aprendizagem (micro): é realizada em sala de aula e tem como objetivo o acompanhamento escolar do aluno, exclusivamente pelos professores e pela escola.
Freitas et. al (2009) citam como processos mais conhecidos de avaliação de aprendizagem: os testes padronizados, as provas feitas pelo professor e um conjunto de actividades avaliativas, incluindo questões orais, tarefas dadas aos alunos sob supervisão e acompanhamento do professor, perguntas anexadas ao texto, assim como provas informais de domínio da aprendizagem.
• Avaliação institucional ou escolar (macro): consiste na avaliação interna à escola e é feita por toda comunidade escolar, visando à compreensão global da instituição, através do reconhecimento e integração das suas distintas dimensões.
Segundo Dias Sobrinho (1994), este tipo de avaliação comporta duas dimensões, nomeadamente:
1. Uma interna (auto-avaliação): levada a cabo no departamento, nas congregações e noutros órgãos oficiais da estrutura universitária;
2. Outra dimensão externa: envolve a participação da comunidade científica, de órgãos governamentais, de membros de entidades da sociedade civil e de sectores representativos das sociedades.
Conforme Belloni et. al (2003), neste nível de avaliação estão sendo consideradas, também, as avaliações de currículos e programas, tendo em vista que ao avaliar uma instituição buscam-se solucionar problemas e promover o conhecimento e a compreensão dos factores associados ao êxito ou fracasso dos programas, projectos, planos. • Avaliação do sistema escolar (mega): é de carácter externo e avaliam-se todas as escolas, tendo como foco as políticas educativas.
Ainda, incorpora a avaliação em larga escala e a avaliação de políticas, cuja finalidade é orientar as políticas públicas. Para Sousa (2000), a avaliação de sistemas apresenta claramente dois focos de análise:
1. O primeiro refere-se aos resultados do sistema, as habilidades e competências adquiridas pelos alunos em determinadas séries escolares ou em determinado curso do ensino superior.
Além disso, a definição dessas habilidades e competências, matriz de referência para a realização de uma avaliação de sistema, é definida a partir de parâmetros curriculares nacionais.
2.O segundo foco trata das condições oferecidas para adquirir essas competências. Esse foco implica procurar identificar as variáveis, factores que poderiam estar associados a um melhor ou pior desempenho.
Esses estudos exigem, na perspectiva da autora, o desenvolvimento de metodologia quantitativa com emprego de programas estatísticos avançados e métodos qualitativos que iluminem os contextos em que ocorre o desempenho dessas habilidades e competências.
O facto de considerarmos a avaliação como parte inerente do processo de ensino-aprendizagem leva-nos a sublinhar a ideia de que, nas variadas situações da sala de aula, o professor deve estar sempre atento à necessidade de desencadear um processo de avaliação envolvendo diversas fases, susceptíveis de ajudar os alunos a aprender melhor: Planificação da avaliação; Recolha de dados ; Formulação de juízo de valor; Tomada de decisões.
Pelo que se pôde observar, a avaliação é uma actividade intrínseca à vida humana, necessária para reflectir, questionar, projectar, reprojectar e transformar as acções humanas.
No entanto, os contextos de ensino e de aprendizagem devem ser tidos em conta no processo de avaliação, na definição de critérios é essencial para que se possa apreciar o mérito e o valor de um dado objeto de avaliação. Na mesma senda, a avaliação tem de envolver os professores, os pais, os alunos e outros intervenientes.
Por: FELICIANO DE CASTRO