A oassinalar meio século de independência, Angola revisita a sua história com um olhar orgulhoso. A celebração dos 50 anos de liberdade não se traduz apenas em festas solenes e desfiles militares.
Está a ser celebrada, sobretudo, como um momento de exaltação da nossa memória coletiva – com reflexões que marcaram o curso da nossa história. Entre os elementos centrais dessas celebrações, as condecorações da independência assume um papel simbólico de extrema importância, não apenas por homenagearem figuras destacadas, mas também por reafirmarem valores nacionais que continuam a guiar o destino do país. Desde a proclamação da independência – a 11 de Novembro de 1975, Angola iniciou um caminho tortuoso, repleto de conquistas, desafios e sacrifícios.
A luta armada contra o colonialismo português foi marcada por coragem, entrega e resiliência de muitos angolanos – combatentes anónimos e conhecidos – cujos nomes, por vezes, perderam-se na história, mas cuja bravura permanece viva no espírito da nação.
É nesse contexto que surgem as condecorações, como instrumentos de justiça histórica, reconhecimento e reforço da solidariedade internacional. As medalhas atribuídas durante este cinquentenário têm um profundo valor simbólico.
Elas não são meras distinções protocolares. Representam o peso histórico dos protagonistas da liberdade e a continuidade da resiliência colectiva da nação, bem como o compromisso com os ideais que inspiraram a luta de libertação.
Ao condecorar combatentes veteranos, líderes políticos, artistas, intelectuais ou mesmo comunidades, o Estado angolano transmite uma mensagem clara: a liberdade foi uma conquista do povo, e cabe todos filhos da nação preservar o seu significado.
O Presidente João Lourenço sempre colocou-se no pedestal de um bom estadista. O reconhecimento da contribuição de “todos” pela abnegada entrega à pátria – sem distinção de credo religioso, partidos políticos e origens étnicas – revela, modestamente, uma dimensão humana incomum em África.
Aliás, o pedido de perdão público feito pelo Presidente a todos angolanos pelos conflitos já transcorridos é, de todo, esclarecedor sobre a afirmação feita acima. Estas condecorações não se esgotam apenas nos combatentes que colocaram fim ao jugo colonial.
O Presidente, também, está (e vai) condecorar “Cidadãos Ilustres” cujos feitos determinaram (e determinam) a elevação da “Nova Angola”. Na nova vaga de condecorações anunciada pelo Executivo, pessoas que processam o país através da música, da escrita, das artes e das letras perfilam na lista.
As condecorações estão a ser acompanhadas de um espírito de justiça e inclusão, sem o esquecimento sistemático de regiões e grupos que, igualmente, deram o seu contributo, reafirmo! Outro simbolismo poderoso das condecorações está na sua capacidade de transmitir uma visão de unidade e reconciliação.
Estas homenageadas e distinções servem de inspiração para as novas gerações. Num tempo em que muitos jovens sentem-se afastados da política e desconectados da história, reconhecer os pilares da nação é também uma forma de transmitir valores de patriotismo, serviço público e responsabilidade cívica. Celebrar os 50 anos de independência é também reconhecer que o tempo passou e que novos desafios se impõem.
A luta hoje é contra à pobreza, à corrupção, à exclusão social e a dependência económica. Que as condecorações de 2025 não se tornem apenas rituais solenes, mas sim momentos de reflexão para todas forças vivas da nação sobre o que ainda falta fazer para que a liberdade conquistada se traduza em justiça social e bem-estar para todos os angolanos.
Por fim, as condecorações da independência são símbolos vivos. São pontes entre o passado e o presente, entre a memória e a esperança. Elas devem servir para lembrar-nos de que a independência foi um ponto de partida – e não de chegada. E que o verdadeiro sentido da liberdade é garantir dignidade, prosperidade e igualdade para todos.
Por: BENJAMIM DUNDA
*Politólogo