O governo do Rio de Janeiro confirmou, na Quarta-feira, que 121 pessoas morreram no âmbito da mega-operação levada a cabo nos complexos do Alemão e da Penha, que visava combater o avanço territorial do Comando Vermelho. Entre os mortos estão quatro polícias e 117 suspeitos, segundo o secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi, noticia a Lusa
Ainda assim, a Defensoria Pública daquele Estado brasileiro disse que morreram 132 pessoas, depois de os moradores terem encontrado pelo menos 74 corpos numa mata. Os cadáveres todos do sexo masculino,estavam na zona da vacaria, na Serra da Misericórdia, onde os confrontos entre as forças policiais e as facções criminosas se concentraram, noticiou o g1.
Os corpos de pelo menos 74 pessoas foram transportados pelos residentes para a Praça São Lucas, uma das principais da região. Contudo, de acordo com Curi, foram contabilizadas 63 vítimas mortais.
Este responsável revelou ainda que 113 suspeitos foram detidos. As autoridades vão, agora, apurar se as mortes estão relacionadas com a operação. É que, segundo o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, a contabilidade “conta a partir do momento que os corpos entram no Instituto de Medicina Legal”.
“A Polícia Civil tem a responsabilidade enorme de identificar quem eram aquelas pessoas. Não posso fazer um balanço antes de todos entrarem”, disse, justificando o porquê de não ter comentado o número de corpos encontrados na mata.
O responsável considerou, além disso, que a operação foi um “sucesso” e que apenas os quatro polícias que morreram são “vítimas”. O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, ecoou esta posição, tendo apontado que o “dano colateral” foi “muito pequeno”. Já o secretário da Polícia Militar, Marcelo de Menezes, deu conta que as autoridades pretendiam cercar os criminosos e empurrá-los para a mata, onde equipas do Batalhão de Operações Especiais estavam posicionadas.
Felipe Curi, por seu turno, indicou que poderá estar em causa uma situação de fraude processual, uma vez que os moradores removeram as roupas dos cadáveres, para facilitar a sua identificação.
No entanto, o secretário da Polícia Civil argumentou que as indumentárias foram retiradas para não haver associação com o grupo de crime organizado. Disse, por isso, que as autoridades instauraram um inquérito.
O ministro da Justiça do Brasil, Ricardo Lewandowski, confessou que o presidente, Lula da Silva, ficou “estarrecido” com o número de mortos e surpreendido “que uma operação desta envergadura fosse desencadeada sem conhecimento do governo federal, sem nenhuma possibilidade de o governo federal participar de alguma forma”. Lula da Silva ainda não se manifestou publicamente sobre o caso, uma vez que, quando a operação decorreu, estava a regressar de uma viagem oficial à Ásia.
Já o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, manifestou estar “profundamente preocupado” e pediu que seja realizada uma “investigação imediata” à mega operação de Terça-feira. “O secretário-geral está profundamente preocupado com o grande número de vítimas durante uma operação policial realizada Terçafeira no Rio de Janeiro.
O secretário-geral salienta que o uso da força em operações policiais deve respeitar as leis e normas internacionais de direitos humanos e insta as autoridades a conduzirem uma investigação imediata”, disse o porta-voz Stéphane Dujarric. Recorde-se que os 2.500 agentes mobilizados apreenderam também 93 espingardas e “enormes” quantidades de droga, naquela que foi descrita por Cláudio Castro como “a maior operação das forças de segurança do Rio de Janeiro”.
A acção estava, de acordo com o responsável, integrada na Operação Contenção uma iniciativa permanente do governo local contra o Comando Vermelho. Como represália, os criminosos barricaram vários locais da zona Norte da capital do Estado, nomeadamente a Avenida Brasil, a Linha Vermelha e a Cidade de Deus, com recurso a pelo menos 50 autocarros e a carros roubados.
O Comando Vermelho dedicase maioritariamente ao tráfico de droga e de armas, tendo o seu centro de operações no Estado do Rio de Janeiro, onde controla algumas comunidades da cidade.
Ainda assim, está presente em grande parte do país, especialmente na região da Amazónia. A organização existe desde a década de 1980, altura em que a ditadura militar concentrou nas mesmas prisões delinquentes e membros de grupos de guerrilha com formação política e militar.
 
			 
					




 
							



