Já só faltam menos de dois meses para as eleições presidenciais em Portugal. Para já, mais de uma dezena de candidatos está na corrida a Belém, mas somente oito fazem parte dos debates televisivos. Quem são os portugueses que sonham com Belém?
São sete homens e uma mulher. André Ventura, António Filipe, António José Seguro, Catarina Martins, Gouveia e Melo, João Cotrim de Figueiredo, Jorge Pinto e Marques Mendes são os que querem substituir Marcelo Rebelo de Sousa nos aposentos do Palácio Nacional de Belém.
E desde 17 de Novembro que, em dupla, debatem frente a frente na RTP, SIC Notícias e na TVI/CNN Portugal. Divergem nas ideias, mas convergem na missão: usar o espaço mediático para conquistar o voto da maioria dos portugueses. Dos candidatos de ideologia política de esquerda aos de direita, passando por um independente, quem será o 21º Presidente de Portugal? Conheça o perfil dos oito concorrentes que mais se pontificam.
André Ventura
Tem forte presença nas redes sociais e conta com mais de 800 mil seguidores no Facebook. André Ventura (42 anos) foi militante e dirigente do Partido Social Democrata (PSD) e é líder do Chega — segunda maior força política do país. Quando mais novo, quis ser padre e estudou no seminário, mas mudou de ideia e acabou licenciado em Direito, diz a BBC News Brasil.
Agora, já político, só em 2025, quis ser Presidente da República, depois Primeiro-ministro e novamente Presidente. É conhecido por defender ideias políticas contra a imigração descontrolada em Portugal. Logo no tiro de partida da sua campanha às presidenciais, Ventura soltou cartazes com frases polémicas como: “Isto não é o Bangladesh”; “Os ciganos têm de cumprir a lei”; “Os imigrantes não podem viver de subsídios”.

António José Seguro
Dono de um percurso político de décadas feito ao lado do Partido Socialista, do qual chegou a ser secretário-geral, José António Seguro foi também ministro no governo de António Guterres (2001-2002). Esteve uma década fora dos grandes palcos da vida política — após derrota pesada frente a Costa — e regressou agora como candidato às eleições de Janeiro.
Mestre em Ciência Política e licenciado em Relações Internacionais, o candidato de 63 anos — na apresentação da sua candidatura — atirou-se contra a extrema-direita ao dizer que “não há portugueses bons e portugueses maus, portugueses de primeira ou de segunda”, uma narrativa muito defendida por André Ventura.

António Filipe
Foi Vice-presidente da Assembleia da República em três legislaturas, entre 2005 e 2022. Dos seus 62 anos, António Filipe dedicou 36 à Casa das Leis, onde “foi deputado entre 1989 e 2022 e novamente entre 2024 e 2025”, lê-se no seu site de candidatura. É licenciado em Direito, mestre em Ciência Política, Cidadania e Governação e Doutor em Direito Constitucional.
Sobre a imigração, por exemplo, o candidato apoiado pelo PCP entende que “o ódio da extrema-direita contra os imigrantes tem uma indisfarçável marca de classe”. António Filipe acredita que se trata de um “discurso contra os pobres, igual ao que é difundido contra os beneficiários de prestações sociais”.

Catarina Martins
Nasceu no Porto, norte de Portugal, mas foi em São Tomé e Príncipe onde cumpriu o primeiro ano de escolaridade aos 6 anos. No ano seguinte, rumou para Cabo Verde, acompanhando a trajectória dos pais, ambos professores, segundo a SIC Notícias. Catarina Martins (52 anos) regressa mais tarde a Portugal e estudou Direito até ao terceiro ano, sendo que mais tarde inverteu o rumo e foi em Línguas e Literaturas Modernas que se licenciou, para concluir um mestrado em Linguística. “Trabalhou durante mais de uma década como atriz, encenadora e criadora”.
Mas é na política ativa por onde Catarina Martins anda desde 2009, ao entrar na Assembleia da República, “como deputada independente eleita pelo círculo do Porto nas listas do Bloco de Esquerda”.
Em 2014, assumiu a liderança do BE e em 2015 o partido consegue 19 deputados e tornase a terceira maior força política do país. A candidatura a Belém da actual eurodeputada é movida pela ideia de “cuidar da democracia” e pela convicção de que o país precisa de uma presidência atenta às desigualdades sociais, às condições de vida”, revelou em entrevista à SIC Notícias.

Henrique Gouveia e Melo
Bandeira de Portugal ao fundo. Ao centro, uma fotografia (meio corpo) de Gouveia e Melo com olhar firme e sorriso discreto; veste o tronco com terno azul-escuro, camisa branca e gravata vermelha com detalhes brancos. À esquerda, a frase: “o meu partido é Portugal”. É assim que está a primeira página do seu site de candidatura. Gouveia e Melo (65 anos) não tem passado na política. Nasceu em Moçambique, na cidade portuária de Quelimane, e tem uma longa carreira militar.
Aos 18 anos, ingressou na Escola Naval e continuou a estudar pelo mundo. Fez várias especializações e chegou a Chefe do Estado-Maior da Armada de Portugal, em 2021. Sobre o tema da imigração, o almirante tem uma palavra de ordem: “integrar”. E afirma que “há um caminho de bom senso, inteligência e equilíbrio” entre o “entra tudo” e o “sai tudo”, referindo-se a políticas migratórias que facilitam demasiadamente a entrada de imigrantes e às que dificultam a permanência destes. Quem vem viver connosco deve respeitar as nossas leis e a nossa história.
Queremos uma sociedade coesa e una num destino comum. E nós, portugueses, temos o dever de acolher com dignidade quem vem contribuir para o país”, defendeu no seu manifesto político.

João Cotrim de Figueiredo
Em miúdo vendeu cabides porta a porta e quando adulto se firmou no mundo dos negócios. João Cotrim Figueiredo “orbitou entre várias empresas ao longo deste século: Compal, Nutricafés, Privado Holding, depois a TVI, entre 2010 e 2011”, descreve a Rádio Renascença. Deu o salto do mundo dos negócios para a política em 2019 quando aceitou ser cabeça de lista da Iniciativa Liberal por Lisboa. Na altura, justificou o desafio com o facto de já não conseguir “ficar sentado enquanto o país marca passo e não dá à geração dos meus filhos metade das oportunidades que a minha geração teve”.
E conseguiu levar o partido fundado há menos de dois anos para o Parlamento. Chegou a líder da Iniciativa Liberal e actualmente é eurodeputado. Se for eleito Presidente de Portugal, promete “representar “todos os portugueses, respeitando e valorizando as suas circunstâncias pessoais, a sua idade, as suas condições económicas, as suas convicções políticas, o seu género, a sua orientação sexual, as suas crenças religiosas, ou os seus vínculos socioculturais”, escreve o Público.

Jorge Pinto
É o mais jovem na corrida às presidenciais. Está com 38 anos. Mas já garantiu que ser mais jovem do que os outros candidatos “é mais força do que fraqueza” porque combina “energia” e “experiência”, avançou em entrevista à SIC Notícias. Nasceu no distrito do Porto, mas viveu “fora de Portugal desde 2008, com passagens por Lituânia, Índia, França, Itália e Bruxelas”. Foi militante socialista “entre os 18 e os 25 anos, durante a liderança de José Sócrates”.
Depois ajudou a fundar o LIVRE, partido que representa como deputado na Assembleia da República desde 2024. Estudou Engenharia do Ambiente e tem doutoramento em Filosofia Social e Política. Jorge Pinto define a sua candidatura como a “candidatura da esperança, a candidatura que não se rende, a candidatura que se atreve a ser ambiciosa e a candidatura que diz Presente!”.

Luís Marques Mendes
Está com 68 anos e aos 16 já era militante do Partido Social Democrata (PSD). Aos 19, assumiu o cargo de vice-presidente da Câmara Municipal de Fafe. Já foi deputado, secretário de Estado, ministro de Cavaco Silva e Durão Barroso e líder dos sociais-democratas. Agora, a luta pela eleição a Presidente de Portugal em Janeiro. Licenciou-se em Direito. É advogado, casado e pai de três filhos.
Depois de ser quase tudo em Portugal, Luís Marques Mendes deseja agora ser o 21.º Presidente do país europeu. No seu manifesto intitulado “Comunidades portuguesas — o meu compromisso”, Marques Mendes prometeu criar um departamento “para contacto permanente com as comunidades portuguesas” e defendeu que os emigrantes portugueses possam ter à disposição o voto presencial, postal e eletrónico, escreveu a agência Lusa.

Por: Jaime Tabo, em Lisboa









