A ONU exigiu ontem a Israel que o inquérito aos ataques de segunda-feira a um hospital em Gaza que mataram 20 pessoas, incluindo cinco jornalistas, produza resultados, ao contrário do que aconteceu em investigações anteriores
“As autoridades israelitas já anunciaram, no passado, investigações sobre tais mortes (…), mas essas investigações devem produzir resultados”, disse o porta-voz do gabinete de direitos humanos da ONU, Thameen al-Kheetan.
O exército israelita anunciou uma investigação sobre o duplo ataque contra o Hospital Nasser, em Khan Yunus, no sul da Faixa de Gaza, que foi criticado por muitos países, incluindo Portugal. “Deve haver justiça.
Ainda não vimos nenhum resultado ou responsabilização”, acrescentou o porta-voz da ONU aos jornalistas em Genebra, citado pela agência de notícias France-Presse. Israel terá usado uma técnica conhecida como “double tap”, que consiste em fazer um segundo ataque quando socorristas estão a tentar ajudar as vítimas do primeiro bombardeamento.
Foi o que terá acontecido no Hospital Nasser, em que um primeiro impacto atingiu o exterior do quarto piso onde um operador de câmara contratado pela agência de notícias Reuters estava a emitir em directo.
Quando outros jornalistas e socorristas o foram ajudar, um novo disparo atingiu o mesmo local, de acordo com imagens transmitidas em directo por uma televisão do Egipto. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, descreveu o ataque como “um trágico acidente”.
O Hospital Nasser é uma das últimas instituições de saúde ainda parcialmente funcionais na Faixa de Gaza. Israel tem em curso uma ofensiva militar na Faixa de Gaza desde que sofreu o ataque do Hamas de 07 de Outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e o rapto de 250 pessoas, feitas reféns.
A ofensiva israelita provocou mais de 62.700 mortes em Gaza, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados fiáveis pela ONU. Israel impediu ao acesso de jornalistas à Faixa de Gaza, pelo que os repórteres palestinianos são os únicos que continuam a trabalhar no território.