O presidentedo Brasil disse na quarta-feira que ficou tão surpreso quanto o presidente dos EUA, Donald Trump, quando se encontraram por acaso e “houve alguma química”, dada a deterioração das relações entre as duas maiores economias das Américas
A Associated Press noticia que Luiz Inácio Lula da Silva disse em entrevista colectiva que o primeiro encontro o deixou “muito feliz” e “optimista” quanto à possibilidade de o Brasil e os EUA se reunirem o mais breve possível e acabarem com o “mal-estar” nas relações Brasil-EUA.
O governo Trump impôs sanções a juízes e outros e impôs tarifas de 50% sobre muitas das exportações do Brasil para os Estados Unidos devido à prisão e condenação do aliado do presidente, o ex- presidente Jair Bolsonaro, que foi condenado neste mês a 27 anos de prisão por tentar um golpe no país sul-americano. Trump e Lula se encontraram quando o líder brasileiro estava saindo após fazer seu discurso na reunião anual de líderes mundiais na Assembleia Geral da ONU na terça-feira e o presidente dos EUA estava entrando e prestes a subir ao pódio. “Eu o vi, ele me viu, e nos abraçamos, contou Trump em seu discurso aos líderes.
“Não tivemos muito tempo para conversar, uns 20 segundos. … Tivemos uma boa conversa e combinamos de nos encontrar na semana que vem”. Lula “parecia um homem muito simpático” e “eu gostei dele”, referiu o presidente dos EUA.
“Tínhamos uma química excelente. É um bom sinal”. Trump admitiu que teve “um pequeno problema” em dizer à assembleia, após se encontrar com Lula, que o Brasil enfrenta tarifas pesadas por supostamente se envolver em “censura, repressão, armamento, corrupção judicial e perseguição de críticos políticos nos Estados Unidos” — e impor tarifas injustas aos Estados Unidos. Lula disse que ia pegar seus documentos depois de fazer seu discurso quando Trump apareceu, “parecendo muito amigável, muito agradável, e acho que de facto houve alguma química ali”.
Afirmou que disse a Trump que há muitas questões e “vamos colocar tudo na mesa”. Muitos investimentos estão em jogo, o comércio é muito importante e os dois países têm uma história de 200 anos de relações diplomáticas, sublinhou o brasileiro. Mas Lula aclarou que o que não pode ser discutido é a soberania e a democracia do Brasil e o trabalho de seus juízes e sistema judiciário.
Acrescentou que os líderes que ele mais respeita são aqueles eleitos pelo povo, independentemente de ideologia. Lula frisou que completa 80 anos em Outubro e que Trump completa 80 anos em Junho de 2026, e que não há motivo para eles brincarem. “Vou tratá-lo com o respeito que ele merece como presidente dos EUA” adiantou Lula, “e ele vai me tratar com o respeito que o presidente da República Federativa do Brasil merece”.
Lula disse acreditar que Trump vem recebendo informações incorretas sobre o Brasil — inclusive que os Estados Unidos têm um déficit comercial com seu país, quando os EUA tiveram um superávit de US$ 410 biliões nos últimos 15 anos. “Não sei quantos políticos no mundo realmente acreditam em relações humanas como eu, mas tudo se resolve quando duas pessoas conversam”, considerou Lula.
“Então, quero que ele saiba o que realmente é verdade sobre o Brasil.” Recordou que sempre negociou e que, para ambos os lados, precisa ser “um acordo vantajoso para todos”. Trump disse à assembleia que “o Brasil está indo mal” e “eles só podem se sair bem quando trabalham connosco”. “Sem nós”, disse ele, “eles falharão, assim como outros falharam”.