Um analista disse que o legado de António Guterres como secretário-geral da ONU será definido pela gestão de cortes orçamentais recentes e pelas reformas de curto prazo para manter a organização financeiramente estável, noticiou a Lusa
Guterres fará a 23 de Setembro o penúltimo discurso de abertura da Assembleia-geral da ONU enquanto secretário-geral, num momento em que a ONU enfrenta uma crise que levanta questões sobre o seu futuro.
Além de uma alegada perda de relevância no cenário global, com o Conselho de Segurança a não conseguir cumprir o propósito de evitar novos conflitos, a ONU enfrenta agora um grave problema financeiro e orçamental, potenciado pelos cortes de verbas decretados pelo actual Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Apesar da carga de trabalho da ONU aumentar anualmente, os recursos estão a diminuir em todos os sectores, o que obrigou Guterres a fazer reduções significativas no orçamento e cortes de postos de trabalho.
Em entrevista à Lusa no arranque da 80.ª Assembleia-geral, Richard Gowan, especialista no sistema da ONU, do Conselho de Segurança e em operações de manutenção da paz, observou que, geralmente, os secretários-gerais não conseguem realizar progressos significativos no último ano de mandato.
No caso do ex-primeiro-ministro português, Gowan disse ser “difícil não sentir pena de Guterres”, uma vez que teve de liderar a ONU durante “um período muito difícil”.
Face à instabilidade que o mundo atravessa, as ambições Guterres “de promover uma melhor cooperação internacional em questões como as alterações climáticas e a Inteligência Artificial parecem agora vazias”, observou.
“Em vez disso, o legado será definido pela eficácia na gestão dos cortes orçamentais e as reformas de curto prazo necessárias para manter a ONU financeiramente estável durante o resto do mandato”, acrescentou Nações Unidas Top news António Guterres assumiu a liderança da ONU em Janeiro de 2017, tendo sido reconduzido para um segundo mandato, que termina no final de 2026.
A ONU nunca foi liderada por uma mulher. De acordo com Gowan, analista do International Crisis Group (ICG), os diplomatas já se encontram a discutir quem vai substituir Guterres.
“Pelo que percebi, (Guterres) admitiu em privado que não tem tempo para lançar reformas realmente grandes, como a fusão de algumas grandes agências de ajuda humanitária da ONU, o que poderia realmente mudar a forma como a organização lida com problemas globais.









