Vários líderes europeus pressionaram a favor da inclusão de Kiev nas conversações entre Washington e Moscovo esta semana, das quais o Presidente ucraniano Volodimir Zelensky pode participar, segundo um diplomata norte-americano citado pela AFP
Os Presidentes da Rússia e dos Estados Unidos vão encontrar-se a 15 de Agosto, no Alasca, como parte dos esforços de Trump para tentar encontrar uma saída para o conflito na Ucrânia iniciado em Fevereiro de 2022.
Mas os governantes da União Europeia (UE) insistiram que qualquer acordo para encerrar a guerra de três anos deve contar com a presença da Ucrânia. O embaixador dos Estados Unidos na OTAN, Matthew Whitaker, afirmou, esse Domingo, que o presidente ucraniano poderá sim participar da cúpula no Alasca. “Sim, eu, certamente, acredito que é possível”, disse Whitaker à CNN sobre a participação de Zelensky.
“Não pode haver um acordo sem a concordância de cada uma das partes envolvidas”, sublinhou. A exclusão da Ucrânia da cúpula gerou consternação sobre um possível acordo que exija que Kiev ceda algum território à Rússia, algo que a UE rejeita.
Ao anunciar a cimeira, na Sextafeira, Trump disse que “haverá algum intercâmbio de territórios para o benefício de ambos”, referindo-se à Ucrânia e à Rússia, sem dar mais detalhes.
“Quaisquer decisões contra nós, quaisquer decisões sem a Ucrânia também são decisões contra a paz”, advertiu Zelensky nas redes sociais. “Os ucranianos não vão entregar a sua terra ao ocupante”, avançou.
No Domingo, os principais líderes europeus assinaram uma declaração na qual afirmaram que “apenas uma abordagem que combine uma diplomacia activa, o apoio à Ucrânia e a pressão sobre a Federação Russa” poderá pôr fim à guerra.
“Aplaudimos o trabalho do Presidente Trump para deter o massacre na Ucrânia” e “estamos prontos para apoiar esse trabalho no plano diplomático, além de manter o nosso substancial apoio militar e financeiro à Ucrânia”, e, também, “manter e impôr medidas restritivas contra a Federação Russa”, indicaram os líderes europeus.
Entre os signatários da declaração estão o francês Emamanuel Macron, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni; o chanceler alemão, Fiedrich Merz; os primeiros-ministros polaco, Donald Tusk, e britânico, Keir Starmer, além da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
“Qualquer acordo entre os Estados Unidos e a Rússia deve incluir a Ucrânia e a UE, pois se trata da segurança da Ucrânia e da Europa”, disse a chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, num comunicado publicado nesse Domingo, lembrando que “o direito internacional é claro: todos os territórios ocupados temporariamente pertencem à Ucrânia”.
As três rondas de negociações entre Rússia e Ucrânia realizadas este ano não renderam frutos e ainda não está claro se uma cimeira contribuirá para aproximar a paz.
A cúpula no Alasca, território que a Rússia vendeu aos Estados Unidos, em 1867, será a primeira entre os Presidentes em exercício dos Estados Unidos e da Rússia desde que Joe Biden se reuniu com Putin em Genebra, em Junho de 2021.
Trump e Putin encontraramse pela última vez em 2019, numa cúpula do G20 no Japão, durante o primeiro mandato do republicano, embora tenham falado por telefone em várias ocasiões desde Janeiro. Após mais de três anos de combates, as posições ucranianas e russas continuam irreconciliáveis.
Para acabar com o conflito, Moscovo exige que a Ucrânia ceda quatro regiões parcialmente ocupadas (Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson), além da Crimeia, anexada em 2014, e que renuncie ao fornecimento de armas ocidentais e a qualquer adesão à OTAN.
Essas condições são inaceitáveis para a Ucrânia, que exige a retirada das tropas russas do seu território e garantias de segurança ocidentais. Isso incluiria mais fornecimento de armas e o envio de um contingente europeu, aos quais a Rússia se opõe.