O exército da Coreia do Sul disse que a Coreia do Norte disparou, ontem, mísseis de cruzeiro não identificados para o mar, horas depois de Pyongyang ter admitido um “grave acidente” com um novo navio de guerra, noticia a Lusa
O Estado-Maior Conjunto sul-coreano afirmou ter detectado os mísseis perto da província de Hamgyong do Sul, no Leste da Coreia do Norte, que foram disparados em direcção ao mar do Japão.
O lançamento aconteceu horas depois de a imprensa oficial da Coreia do Norte ter avançado com um “grave acidente” que ocorreu durante a cerimónia de lançamento de um navio de guerra.
Durante a cerimónia de lançamento de um contratorpedeiro de 5 mil toneladas na cidade portuária de Chongjin, “ocorreu um acidente grave”, informou a agência de notícias oficial norte-coreana KCNA.
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, estava presente na cerimónia, realizada na Quartafeira, no Nordeste do país, e disse que foi um “acto criminoso causado por negligência absoluta” que “não podia ser tolerada”, referiu a KCNA.
Apontando para a “inexperiência do comando e negligência operacional” durante o lançamento, a agência disse que “algumas secções do fundo do navio de guerra foram esmagadas” e que o acidente “destruiu o equilíbrio do navio de guerra”. Kim disse que os “erros irresponsáveis” dos culpados seriam “abordados na reunião plenária do Comité Central do Partido, a realizar no próximo mês”.
O nome do barco não foi especificado. Em Abril, Pyongyang divulgou imagens de um navio contratorpedeiro de 5 mil toneladas, chamado Choe Hyon. Na altura, os meios de comunicação estatais transmitiram imagens de Kim a participar numa cerimónia com a filha, Kim Ju-ae, que muitos especialistas acreditam que será a sucessora no poder.
A Coreia do Norte alegou que o navio estava equipado com as “armas mais poderosas” e que “entraria ao serviço no início do próximo ano”. Segundo alguns especialistas, o Choe Hyon poderá ser equipado com mísseis nucleares tácticos de curto alcance, embora a Coreia do Norte não tenha até ao momento provado ter a capacidade de desenvolver armas nucleares de pequena dimensão.
O reconhecimento público de falhas técnicas ou administrativas é altamente invulgar na Coreia do Norte. O governo esconde, frequentemente, incidentes que podem ser interpretados como sinais de fraqueza ou incompetência, especialmente em sectores estratégicos como o militar.
O último lançamento de mísseis por parte da Coreia do Norte tinha acontecido em 08 de Maio. Na altura, os Estados Unidos, o Japão e a Coreia do Sul condenaram o lançamento como uma ameaça à paz e à segurança da região e da comunidade internacional.
Os responsáveis dos três países “reafirmaram que os lançamentos da Coreia do Norte violam as resoluções relevantes do Conselho de Segurança das Nações Unidas”.