A União Africana (UA) tornou público que o continente precisa de mais de USD 3 triliões (1 USD = Kz 917) para atingir as suas metas climáticas, já que o financiamento para este fim é uma questão de sobrevivência para a África
O diário online nigeriano Vanguard diz que, falando antes da segunda Cúpula do Clima da África, ACS2, programada para 8 a 10 de Setembro em Addis Abeba, Etiópia, com o tema “Acelerando Soluções Climáticas Globais: Financiamento para o Desenvolvimento Resiliente e Verde de África”, o Comissário da UA para a Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Meio Ambiente Sustentável, Moses Vilakati, declarou que a escassez de financiamento continua a ser uma grande barreira para a resiliência de África.
Explicou que, embora África seja o que menos contribui para as emissões globais de gases de efeito estufa, é a que mais sofre com as mudanças climáticas devido à geografia, à fraca capacidade de adaptação e às limitações económicas.
Vilakati observou que a UA fez progressos desde a primeira cúpula do clima, aprofundando laços com instituições regionais e impulsionando esforços conjuntos em políticas climáticas. “África precisa de mais de USD 3 triliões para atingir as suas metas climáticas, mas recebeu apenas USD 30 biliões entre 2021 e 2022.
Precisamos criar um ambiente propício à eficiência, adequação e justiça no financiamento climático”, declarou. Acrescentou que apenas 18% das necessidades de mitigação de África estavam actualmente financiadas, enquanto apenas 20% do financiamento de adaptação estava coberto.
Referindo-se à meta da primeira cúpula de triplicar a capacidade de energia renovável para 300 GW até 2030, pediu uma colaboração mais forte entre governos, investidores privados e organizações internacionais.
“África detém o maior potencial solar do mundo, com vastas áreas, recebendo mais de 2.000 kWh/m² anualmente”, referiu, enfatizando a necessidade de uma transição energética justa e equitativa.
“As mudanças climáticas e o que fizermos a respeito delas definirão a nossa era, o nosso continente e o legado global que deixaremos para as gerações futuras”, disse Vilakati.
Acrescentou que o ACS2 seria usado para impulsionar políticas climáticas, promover indústrias sustentáveis e incorporar riscos climáticos aos planos de desenvolvimento, reafirmando o compromisso da UA em tornar rotativo o país anfitrião da cúpula para promover a inclusão.
Por seu lado, o ministro de Estado do Planeamento e Desenvolvimento da Etiópia, Seyoum Mekonnen, disse que a cúpula apresentará soluções africanas e pedirá um financiamento climático global mais justo.
Descrevendo o evento como a “COP da África”, Mekonnen disse: “Esta cúpula não é apenas mais um evento, é o momento da África liderar. A África é, frequentemente, retratada como vítima das mudanças climáticas, mas também somos um continente de soluções”.
Adiantou que a cúpula promoveria acções climáticas lideradas por África e exigiria reformas no sistema financeiro global para apoiar a inovação e a sustentabilidade.
Mekonnen destacou o progresso da Etiópia com a sua Iniciativa Legado Verde, que plantou mais de 40 biliões de mudas em seis anos, aumentando a cobertura florestal de 17,2%, em 2019, para 23,6%, em 2023.
“Não estamos apenas a organizar uma cúpula — estamos a construir um movimento. E todo movimento precisa de vozes que amplifiquem, desafiem e informem”, sublinhou. A cúpula será realizada em parceria com a Comissão da União Africana (CUA).