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Quão difícil é ser vegetariano e vegano em Luanda?

Jornal Opais por Jornal Opais
26 de Janeiro, 2024
Em Manchete
Tempo de Leitura: 8 mins de leitura
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Resistir às tentações do consumo de carne, o custo elevado da comida, a pouca oferta deste tipo de alimentação nos restaurantes, bem como, em alguns casos, a não-aceitação da família, tem tornado a vida daqueles que decidiram (por vontade própria, questões de saúde ou religiosas) ser vegetarianos ou veganos cada vez mais difícil, na cidade capital

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As constantes enfermidades, uma vez que todos os meses era acometido com febre tifóide e doenças diarreicas agudas, fizeram com que Samuel Contreiras, de 27 anos de idades, nascido na província de Malanje, decidisse ser vegetariano, há três anos.

Foi em 2021, numa das suas buscas por solução do seu problema, numa palestra sobre “a origem das doenças”, onde, depois de ter ouvido atentamente um médico, chegou à conclusão de que as suas doenças tinham uma origem: aquilo que comia. Retirar alguns alimentos da sua dieta foi o primeiro passo.

Samuel confessa que não foi fácil, pois nos primeiros meses perdeu muito peso, porém, soube que era um processo normal, uma vez que o organismo estava a habituar-se à nova fase/rotina. Aguentou a pressão e, depois, começou a registar benefícios. “Há três anos que não fico doente. Acredito que nós, os seres humanos, fomos feitos para viver neste mundo feliz, sem dor e enfermidade, e é possível”, disse, com um sorriso no rosto. Registou também dificuldades de aceitação no seio familiar.

Não vive com esposa, mas os seus irmãos e pais, inicialmente, viram nisto um constrangimento, principalmente na gestão da alimentação de casa, uma vez que é o único vegetariano na família. Ainda na família, tem sofrido muitas provocações ou tentações, sobretudo nos convívios, onde os irmãos e primos gozam com ele, mostrando pedaços de carne grelhada, como se estivesse perdido uma grande coisa. Apesar disso, Samuel segue a vida de vegetariano de forma normal e juntou a este estilo de vi- da a prática de exercícios físicos e repouso sempre que necessário.

Desistiu para evitar “conflitos” com a esposa na gestão de casa Aquilo que, inicialmente, julgava que ia melhorar a sua saúde e, posteriormente, a da minha família, a qual esperava que, por via de si, fosse influenciada a aderir à dieta que escolheu, em 2014, tornou-se um factor de gasto imparável do dinheiro que juntava, mensalmente, com a sua esposa, para os aguentar e aguentar a casa. Manuel Grão Gabriel não receou em dizer que, dois anos depois de ter aderido a um estilo alimentar que prima por uma dieta de produtos de origem vegetal, começou a entrar em conflitos, que considera controlados, com a sua esposa, que chegou de lhe atirar que estava cansada de confeccionar uma refeição para ele e outra para ela, os filhos e outros agregados de casa.

Sua opção surgiu por influência de conversas ouvidas no seio da assembleia da religião que professa, assegurada por estudos científicos de que também ouviu falar, neste ciclo social, segundo os quais um vegetariano vive dez anos mais do que um indivíduo que come de tudo um pouco. Manuel Grão Gabriel considerou que é muito difícil manter-se como vegetariano, em Luanda, por conta do custo de vida que, de ano a ano, se agrava ainda mais. Aliás, é isso mesmo que a sua esposa alegou, em 2017, quando lhe pediu para rever a opção alimentar que já seguia há quatro anos. “Consegui compreender, na altura, que, se eu continuasse firme na decisão, a minha família só passaria a fingir de comer, enquanto eu me alimentaria com algum rigor”, ironizou o entrevistado, tendo declarado que os produtos agrícolas de que se ser- via até não eram os mais renomados.

Não consumir para evitar riscos de vida

Tratava-se, basicamente, de folhas de batateira, vulgarmente conhecida como rama, jimboa, repolho e feijão e os inevitáveis tomates, cebola, beringela, pimento, além de tubérculos, como batata, mandioca, inhame, bem como banana verde. Quando tivesse algum dinheiro a mais, adquiria couve, cogumelos e brócolos. “Mas vale a pena realçar que, quando eu me alimento de pro- dutos industrializados como as conservas de carne e peixe (congelados) ou de outros produtos de origem animal, que, normal- mente, são processados, antes de estarem disponíveis ao consumo humano, tenho mais riscos de saúde”, disse.

Confessou que, a par do ovo que é usado por alguns vegetarianos, que ignoram a sua origem animal, produtos ou alimentos como mel, bolo, a manteiga, o iogurte e queijo costumam dar algum debate, que não tem razão de ser, por terem a sua originalidade aclarada. “Enquanto me assumia como vegetariano, não me lembro ter- me valido de uma dúvida que não existe, para me aproveitar e socorrer desses alimentos”, disse o interlocutor do OPAÍS, para quem esse jogo é das pessoas sem alguma determinação na escolha.

Pelo facto de a sua opção alimentar ter sido, em parte, in- fluência da igreja, Manuel Grão Gabriel deixou patente que a sua igreja não separa o vegetariano do não vegetariano, muito me- nos apregoa que um vai ao céu e o outro não, mas apazigua os dois e respeita a liberdade de decisão dos mesmos, já que, à luz da Bíblia, ambos são filhos de Deus. Embora tenha deixado de ser vegetariano, Manuel Grão Gabriel assegurou que ainda há alimentos de origem animal que prefere continuar a não consumir, segundo ele, pelo simples facto de até aparentemente traduzirem indícios de instabilidade na saúde humana. É o caso das partes de frango, como faz questão de referir, como patinhas, asinhas, pescocinhos e carcaças, respectivamente correspondentes a patas, asas, pescoços e outras partes de ossos de frango, que o ancião da Igreja do 7.º Dia jamais imaginou como comida diária dos angolanos.

Aprender a ver a comida como o nosso medicamento

Nasceu numa família de veganos e vegetarianos, tem 19 anos de idade e nunca consumiu nenhum tipo de carne, nem os seus derivados. Ricardo Severino, só de ver ou sentir o cheiro de carne, passa mal. Defende que a vida de vegano é boa e brilhante, pelo que aconselha a todas as pessoas a seguirem este estilo, de modo a evitarem diversas patologias. Caçula de sete irmãos, Ricardo não come carne desde que nasceu, os pais e mais uma irmã também, enquanto os outros cinco irmãos são vegetarianos. Ricardo disse que estes cinco, às vezes, quando estão na rua não resistem à tentação de comer carne, pelo que os únicos que seguem à risca é o grupo de quatro. Ricardo explicou que não tem registado dificuldades quanto ao estilo de vida, porque tem a família como incentivadora. “aprendi que tudo que comemos serve de nosso medicamento, para além de que todo alimento que vem da terra é sempre melhor”, defendeu. O jovem não consegue ficar mais de dois minutos num sítio que tenha carne ou peixe, fica tonto, sente enjoos, ou passa mal.

Não consumir carne pode levar ao risco de deficiência de aminoácidos

A sarcopenia, “perda da massa muscular”, normalmente se regista em pessoas com deficiência de proteínas animais, neste caso, a quem deixa de consumir alimentos que contêm proteínas animais, segundo a nutricionista Arminda Alves

De acordo com a nutricionista, Arminda Alves, a alimentação saudável deve ter equilíbrio de nutrientes que provêm dos vegetais, dos tubérculos, da batata, arroz, feijão, massa, a fuba, os de proteínas animais, como das carnes vermelhas, brancas, peixe e os seus derivados. “Resumindo, uma alimentação saudável deve ter equilíbrio, proteínas, carboidratos e gorduras. Quando alguém decide não comer carne, deve-se ter em conta que está a correr riscos de ter deficiência de aminoácidos, que são considerados como a estrutura, sustentação e reparação do nosso corpo, quando estamos doentes, que nos ajudam a melhorar, que é responsável pelo transporte de oxigénio, para termos uma boa massa muscular”, explicou.

Quando se escolhe não consumir carne, deve-se ter em conta estes riscos, ou deve haver um acompanhamento de um nutricionista, que vai orientar o consumo da quantidade de proteínas necessárias para o paciente. Não sendo assim, fica-se com risco de adquirir deficiência de proteína, que são responsáveis pelas enzimas, as que ajudam a absorver e digerir os alimentos responsáveis pelos hormónios, sobretudo em mulheres. Arminda Alves defende que, se o indivíduo não consumir proteínas suficientes e não fizer exercícios, que lhe ajudarão a ganhar massa muscular, pode vir a desenvolver a sarcopenia, e fica muito magra.

A especialista em nutrição sublinhou que, quanto à proteína vegetal, o corpo humano não a absorve da mesma forma que a proteína animal. “A proteína vegetal, para o corpo absorver, deve ser acompanhada de vitamina C. Entretanto, deve ser feito um cálculo com o nutricionista, de modo a saber a quantidade de proteína e onde a encontrar”, sublinhou. Todo o vegetariano e vegano deve ser acompanhado por um nutricionista especializado na área, alguém que consegue fazer um cardápio. As organizações de saúde recomendam que cada um deve consumir 0.8 gramas de proteína por cada quilo que a pessoa tem, segundo a nossa entrevistada.

“É difícil encontrar uma mulher vegetariana”

Édifícil encontrar uma mulher vegetariana, tal como reconhece Demy, a jovem de 32 anos que, em 2020, decidiu adoptar este tipo de vida alimentar que tira apenas proveito de produtos cultivados ou que crescem espontaneamente na natureza. “Já via e ouvia falar dessa filosofia de vida dos meus amigos de ‘placa’, no Rocha Pinto, onde eu, às vezes, trabalhava como cobradora de um Hiace”, disse. Ela conta que, apesar de consumir bebidas alcoólicas e acompanhar grupos de amigos que, volta e meia, param numa barraca ou num restaurante com assados e grelhados ou fritos, normalmente, de carne ou peixe, ainda consegue controlar-se.

“Eu já compro muita ginguba assada ou mesmo crua e ponho aqui na minha pasta, para, quando estiver a conviver com os outros nu- ma banda onde só há carne e peixe, eu comer esse meu petisco”, disse Demy, enquanto retirava um pouco deste produto que estava encoberto num saco preto, com algumas bananas-pão assadas e kikwanga. Para Demy, as mulheres têm muita dificuldade de aderir a este estilo de alimentação, porque elas têm a tendência de comer um pouco de tudo, principalmente carne e peixe assado.

“É por isso que é difícil encontrar uma mulher vegetariana. Mesmo as senhoras que pertencem aos grupos dos rastas e a outras correntes que se afirmam como tal, não sei se são mesmo vegetarianas e, se se assumem como tal, não sei se cumprem rigorosamente as regras de alimentação”, observou.

“Pessoas com doenças crónicas devem parar de comer carne”

especialista em neuropatia, Ricardo Wambembe explicou que muitos pacientes que acorrem à sua unidade sanitária desconhecem a causa da sua patologia, que a maior parte das vezes está associada ao consumo das carnes. Por exemplo, o ácido úrico é resultado do metabolismo das proteínas animais, entre eles carne, peixe e ovo, que se manifesta em dor nas articulações, inflamação, assim como a gota úrica. Outra doença que está associada ao consumo de carne é a trombose venosa, que se manifesta por má circulação do sangue.

O médico alistou ainda a doença que vulgarmente conhecemos por “tala”, como sendo uma patologia que está ligada ao consumo de carnes. “Aparece com frequência em adultos com 55 anos, onde a musculatura cardíaca é preguiçosa, assim como as válvulas de circulação é lenta, por conta da velhice”, sustentou. Por conta disso, recomenda-se a retirada das carnes, de modo que o organismo fortaleça a sua imunidade. Segundo Ricardo Wambembe, todas as pessoas que padecem de doenças crónicas devem suspender o consumo de carnes, tendo em conta que estas contêm substâncias químicas que inflamam e agravam o quadro clínico de qualquer doença crónica.

“As pessoas, quando deixam de comer carnes, incluindo peixes, curam-se mais rápido de qual quer patologia. A carne é um dos alimentos que mais causa doença no planeta, causa problemas cardíacos, cancro, entre outros. Enquanto a população não deixar de comer carne, não terá saúde. E há diferença entre sentir-se bem e ter saúde”, sustentou. Por fim, reconheceu que isto não implica dizer que os vegetarianos ou veganos não ficam doentes, mas que os problemas de saúde destes são outros, que nada têm a ver com o consumo de carnes.

POR: Stela Cambamba e Alberto Bambi

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