Foi até Agosto deste ano uma das mais importantes figuras da UNITA, partido que representou nos Estados Unidos, onde teve acesso aos corredores do poder na maior potência do mundo. Numa fase como esta de eleições na organização fundada por Jonas Savimbi, o seu nome viria, indiscutivelmente, à baila. Mas, nesta fase, Jardo Muekalia preferiu afastar-se daquele que ainda é considerado o maior partido da oposição no país para reforçar o PRA-JA Servir Angola, a sensação da política nacional. O político diz ter atendido a uma evolução da sociedade que considera, em alguns segmentos, ter evoluído mais do que os partidos políticos
Uma vez mais estamos juntos, depois de alguns anos, mas só que em situações diferentes. A última vez falávamos sobre a UNITA. Hoje temos um outro Jardo Muekalia. O que aconteceu, de facto, para essa mudança?
Bom dia. É um prazer estar consigo outra vez. Sim, de facto, houve uma mudança. É muito simples. Não é segredo que fiquei na UNITA durante muito tempo, muitos anos. Ultimamente, remeti-me a uma certa inactividade política. E, quando decidi retomar a política, fiz uma leitura do país. Entendi que havia, por um lado, uma evolução da sociedade. Em certos aspectos, a sociedade parece ter evoluído mais do que os políticos.
Como assim? Pode discriminar?
Claro, temos uma sociedade muito jovem, um país, uma população jovem. O eleitorado acaba por ser cada vez mais jovem. Uma juventude que não se preocupa tanto com os fantasmas e as glórias do passado, dos tempos. Portanto, também achei que, neste quadro, seria bom encontrar uma forma de quebrar um bocado a bipolaridade. Acho ser positivo que se reforce uma terceira via no contexto da nossa política, porque acho que isso traz benefícios para a sociedade. O primeiro é oferecer uma alternativa viável aos eleitores. O segundo é o reforço da nossa democracia, do tecido democrático. E, por último, acho que o fortalecimento de uma terceira via vai gerar o que eu chamo de competitividade política positiva. Espero que seja uma competitividade política positiva. Então, por essas razões, achei aliciante o desafio de contribuir para o fortalecimento de uma terceira via. Mas estamos a falar de Jardo Muekalia, a pessoa que, pelo menos nas últimas eleições e noutras na UNITA, era apontada como uma hipotética ou candidata. Não estamos a falar de uma figura qualquer.
Isto não pesa muito nas suas costas?
Não pesa, porque o problema não é simplesmente ser ou não candidato. O problema é contribuir. Para mim, eu vejo Angola. Estou a olhar para Angola, estou a ver Angola e, neste quadro, não pesa em nada. Acho que é um contributo que faço para a sociedade, um contributo que faço para o país. Independentemente de ser ou não candidato de A ou de B.
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