As empresas de transportes colectivos urbanos de Luanda, quer públicas ou privadas, continuam a cada dia que passa com menos capacidade de oferta de meios para atender à população. Só este ano, a taxa de inoperância dos autocarros públicos subiu para 70%, segundo cálculos feitos por este jornal, com base nos dados avançados pela Associação dos Transportes Colectivos Urbanos de Passageiros de Angola (Transcol)
Segundo o responsável da Transcol, Hilário Carneiro, dos 879 autocarros que a província de Luanda recebeu, actualmente, apenas 264 estão em funcionamento, o que significa que grande parte dos veículos (615) foram “à vida”.
As empresas de transportes, a nível da capital, estão a operar somente com 30% da oferta, sendo que a taxa de inoperância de autocarros públicos elevou para 70% este ano.
Em causa, afirma o presidente da Transcol, continua a ser a perda que as transportadoras vão tendo com a manutenção dos meios, consequência da subida dos preços dos combustíveis e a retirada dos subsídios dos transportes, tendo resultado na diminuição das receitas financeiras das empresas.
Hilário Carneiro revela que a tendência da redução dos meios de locomoção do público é crescente, daí que volta a tocar na necessidade de um apoio emergencial de oito mil milhões de Kwanzas, para a melhoria dos serviços.
Há dois meses, a Transcol deu entrada do referido pedido emergencial de oito mil à Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT). Embora sem a devida resposta, a associação mantém esperança de que o Governo venha atender, tarde ou cedo.
“Nós, nesse momento, demos entrada, há dois meses, a um programa emergencial de recuperação das empresas de transportes públicos, orçado em oito mil milhões de kwanzas, e estamos a aguardar que haja uma resposta do Governo”, afirmou.
A solicitação feita, contou, é também do domínio do Ministério dos Transportes, do Ministério das Finanças, bem como do Gabinete Provincial de Transporte, Tráfego e Mobilidade Urbana do Governo Provincial de Luanda (GPL).
Conforme Hilário Carneiro, os operadores continuam com a disponibilidade de negociar com o Executivo, na perspectiva de existir um ponto convergente que visa satisfazer as necessidades da população, principalmente, das empresas que actuam no sector.
Não há alteração de preço Relativamente à tarifa agora cobrada nos autocarros, Hilário Carneiro afirmou que os preços continuam inalterados, as empresas não conseguem encontrar meios para mexer com os preços, o que poderá causar ainda mais problema na relação entre o operador e o consumidor final.
“Não mexemos nos preços, actualmente, porque não temos condições para alterar os preços, e mexer nos preços da tarifa seria um problema para as transportadoras, seria um problema para o próprio consumidor dos transportes”, reconheceu.
A cada dia que passa, as empresas enfrentam dificuldades, pois vão tendo menor capacidade de oferta de meios para poder atender à população ou à demanda. Entretanto, os valores solicitados serão aplicados directamente para recuperação da frota, frisou o dirigente da Transcol.