No mercado financeiro, a reputação já não se sustenta só com lucros: exige provas consistentes de ambiente, social e governação (ESG). Onde há indicadores fiáveis e coerência de práticas, há confiança e confiança é capital estratégico. Hoje, com mais nitidez, percebe-se que a reputação não nasce só de anúncios nem de patrocínios: nasce de provas e quando uma organização mede, presta contas e mantém cadência entre intenção e prática, cria confiança e, na banca, confiança vale mais do que slogans.
No nosso contexto, a responsabilidade social corporativa ainda disputa atenção e padrões de avaliação. Multiplicam-se adesões ao Pacto Global, sobretudo no sector financeiro e nas indústrias petrolífera e mineira. Contudo, apesar do ecossistema legal, que incentive práticas socialmente responsáveis, continuar incompleto como: a Lei do Mecenato e/ou a inexistência de um código de governação corporativa de referência que permita o público comparar e escrutinar as acções das organizações, é precisamente por isso que casos com indicadores verificáveis importam, não como publicidade, mas como padrão de prova.
O Relatório de Sustentabilidade 2024 do Banco BAI é um desses casos. O documento evidencia que houve uma actualização de políticas-chave como Sustentabilidade, Anticorrupção e Suborno, Transparência, Divulgação da Informação e desenvolvimento do processo de materialidade para orientar prioridades e métricas. Não é detalhe administrativo, é o alicerce que torna a decisão rastreável e a ambição auditável.
Do desenho passa-se à execução com sinais concretos no ambiente. Três agências: Luvo, Lucapa e Cafunfo, operando com 100% de energia gerada localmente por painéis fotovoltaicos, reduzindo dependência e pegada de carbono. Em paralelo, o banco iniciou a monitorização de consumos de energia, água e resíduos para estabelecer linhas de base. São decisões com efeito prático e mensagem pública clara: eficiência e responsabilidade começam em casa.
No capital humano, a fotografia combina diversidade, formação e estabilidade. As mulheres representam 45% do quadro, num banco com estrutura experiente. Em 2024, foram ministradas 96.828 horas de formação, com investimento dedicado e quase totalidade da equipa abrangida. A rotatividade anual situou-se entre 6% e 7% (quadro evolutivo), um intervalo que indica renovação sem perda de memória organizacional. Em conjunto, estes sinais traduzem saúde interna. Um pilar discreto, mas determinante, da reputação.
Na relação com a comunidade, os sinais são mensuráveis. A Fundação BAI reporta 219 mil e 23 beneficiários em 2024, com 34 acções e 18 projectos em educação, saúde, cultura e desporto. Por um lado, a inclusão digital foi reforçada com 120 pontos de Wi-Fi gratuitos. Por outro, a área da cultura recebeu investimento estruturante: criou-se o centro de olaria em Nzambi (com 79 postos de trabalho) e avançaram reabilitações no âmbito de “Artes nas Comunidades”. São métricas que tornam visível o que muitas vezes se dilui em narrativas genéricas.
Do lado do negócio, há coerência com a ambição de serviço e modernização. O banco apresenta 2 milhões e 548 mil e 140 clientes e reforça a presença digital com a nova versão da aplicação BAI Directo para particulares e empresas. Em reputação, isto importa por um motivo simples: experiência de cliente é hoje um marcador público tão forte quanto o balanço.
Se juntarmos as peças, isto é, políticas actualizadas e materialidade definida; projectos ambientais em operação; investimento consistente em pessoas; portefólio social com métricas; e uma base de clientes massiva com aposta digital, vemos um quadro que, num contexto regulatório ainda em evolução (com instrumentos como a Lei do Mecenato e um código de governação corporativa que se pode levar a debate público), ganha relevo acrescido para a reputação. Quando esses referenciais estiverem consolidados, darão ainda mais previsibilidade e comparabilidade. Até lá, o BAI apresenta indicadores que já permitem avaliação substantiva e pública. Eis o ponto: reputação não é ruído. É rasto e esse rasto faz-se com dados, cadência e coerência.
O caso BAI ajuda a recentrar o debate, pois num ambiente onde a atenção à sustentabilidade ainda é frágil, quem mede e publica puxa a régua para cima. O banco não fica imune a novos desafios, isto é, manter cadência, elevar metas, aprofundar transparência; mas o que está em cima da mesa é suficientemente sólido para merecer leitura atenta e, sim, reconhecimento; porque, quando há prova, a reputação deixa de ser promessa e passa a ser consequência.
POR: Amadeu Cassinda (Jornalista e Consultor em Comunicação Integrada)