A indústria demonstrou sinais de recuperação e crescimento consistente no terceiro trimestre de 2024, conforme indica a “Folha de Informação Rápida” do Instituto Nacional de Estatística (INE).
As indústrias transformadoras lideraram o crescimento, com uma contribuição de 2,7 pontos percentuais, enquanto a produção e distribuição de electricidade adicionaram 0,5 pontos, seguidas pelas indústrias extractivas, com 0,2 pontos. Esse desempenho destaca o papel das indústrias na retoma- da económica. Os resultados também reflectem ganhos de eficiência no mercado de trabalho industrial.
O Índice de Pessoal ao Serviço aumentou 3,1% em comparação ao terceiro trimestre de 2023 e manteve o mesmo percentual de crescimento em relação ao trimestre anterior. Já o Índice das horas trabalhadas avançou 4,4% no comparativo anual e 4,1% no trimestral, sugerindo maior utilização de mão-de-obra e jornadas mais produtivas.
De acordo com o INE, a análise por tipo de bens aponta desempenhos distintos entre os segmentos. Os bens intermediários apresentaram o maior crescimento, com uma variação homóloga de 25,2% e trimestral de 19,0%.
Em contraste, os bens de consumo registaram crescimentos mais modestos, de 0,4% e 0,1%, respectivamente, enquanto os produtos de energia aumentaram 1,2% no comparativo anual. As indústrias extractivas tiveram um desempenho misto.
A extracção de diamantes destacou-se com um crescimento de 25,6% em relação ao mesmo trimestre de 2023, enquanto o segmento de petróleo registou uma leve retracção anual de 0,5%, mas compensada por uma recuperação trimestral de 4,1%.
No segmento de indústrias transformadoras, o subsector de fabricação de produtos petrolíferos e químicos apresentou um salto de 47,1% em ter- mos homólogos e 20,1% trimestral. Por outro lado, áreas como a fabricação de têxteis, vestuário e calçados, e a fabricação de papel e impressão enfrentaram ligeiras quedas.
Economista: Estado pode aumentar receitas
O economista Eduardo Manuel considera positiva a variação de 3,4% no Índice de Produção Industrial (IPI), com todos os sectores registando crescimento superior ao período homólogo. Eduardo Manuel atribui esse desempenho aos investimentos contínuos nas indústrias, impulsionados por uma política governamental eficaz de atracção de investidores estrangeiros, por meio de acordos bilaterais, e pelo comprometimento dos empresários nacionais que, com o apoio do sistema financeiro, têm fortalecido as suas actividades nos diversos sectores.
Esse crescimento industrial tende a impactar positivamente a economia, reduzindo a necessidade de importação de bens para a produção industrial. Com a disponibilidade desses produtos no mercado interno, produtores locais podem adquiri-los mais facilmente, aumentando a oferta de bens e potencialmente reduzindo os preços ao consumidor final.
Além disso, o economista destaca que o Estado poderá aumentar as suas receitas, já que empresas que dependiam de bens intermediários importados poderão manter as suas operações sem recorrer ao mercado externo, evitando risco de falência.
Para as novas empresas no mercado, Eduardo Manuel recomenda que estas recebam condições especiais nas instituições financeiras para obtenção de financiamento destinado à aquisição de equipamentos necessários ao início das actividades.
Sugere ainda que o Governo elimine impostos, como o IVA, na aquisição de produtos essenciais para a produção, e reduza o imposto industrial. No que diz respeito ao equilíbrio entre os sectores extractivos e outros segmentos industriais, o economista aconselha a continuidade dos esforços governamentais na atracção de investidores estrangeiros e no estabelecimento de acordos com instituições financeiras, visando conceder financiamentos a empresários nacionais.
Isso permitiria não apenas o fortalecimento de empresas já existentes, mas também incentivaria a entrada de novas no mercado, facilitando a aquisição de equipamentos e promovendo parcerias com investidores estrangeiros.
Eduardo Manuel conclui que, com o apoio das instituições financeiras, as empresas terão acesso ao capital de giro necessário para iniciar ou expandir as suas actividades, contribuindo para o desenvolvimento económico sustentável de Angola.
POR:Francisca Parente