A visita de Biden a Benguela mexeu com vários segmentos em Benguela, destacando-se, objectivamente, o político, económico, social, estendendo para o turismo, sendo este último, pelo menos em Benguela, aquele que mais benefício teve – segundo informações recolhidas por este jornal.
Na componente turística, o governo local assinala vários ganhos, nos períodos compreendidos entre 28 de Novembro e 2 de Dezembro, que originaram o registo de uma taxa de ocupação hoteleira na ordem dos 100 por cento. Este facto representou, de resto, oportunidade para muitas unidades facturarem, embora muitas não se tenham referido a números.
Entretanto, dados revelados exclusivamente ao jornal O PAÍS apontam para uma facturação, em alimentação e alojamento, na casa dos 716.059.000.00 kz. Mais de 2 mil turistas foram como que “arrastados” pelo “furacão” Biden, que passou por Benguela no quadro da visita presidencial de três dias de Joe Biden.
Turistas, agentes diplomáticos, tradutores, jornalistas e outros – tanto de apoio às delegações da Casa Branca quanto às das presidências de Angola, RDC, Zâmbia e Tanzânia – contribuíram para que, em menos de seis dias, os cofres de hotéis, resorts, restaurantes, hospedarias, pensões, lodges e não só pudessem beneficiar de um certo alívio financeiro e dispor de um ar que os faça respirar nos próximos dias.
Esses espaços quase que “rebentavam pela costura”, a ponto de se ter afigurado como que uma “lufada de ar fresco”, porquanto, conforme admitiram alguns gestores hoteleiros, em tempo de aperto financeiro, esse escalar de comitivas estrangeiras e não só, veio mesmo a calhar.
A satisfação
O responsável pelo alojamento do Hotel Praia Morena, José Chitata, revela que a sua unidade registou uma taxa de ocupação acima dos 100 por cento, para quem tal fac- to constituiu uma “alegria”, por- quanto há muito que não registava movimento daquela natureza e, por isso, não tem dúvidas de que, no meio disso tudo, mais do que a facturação financeira para eles, é “Benguela que sai a ganhar”.
A rua Aires de Almeida Santos, que dá para a Rádio Morena, está interditada, em consequência das obras de requalificação, no quadro do Plano de Infraestruturas Emergenciais, orçadas em 415 milhões de euros, logo, os acessos aos hotéis estão deficitários.
Entretanto, essa condicionante não impediu que turistas chegas- sem às unidades hoteleiras localizadas naquele perímetro, tais são os casos do Mil Cidades e do Luso, segundo informações de alguns membros de direcção, que entretanto não aceitaram conceder entrevista ao OPAÍS, por alegada indisponibilidade.
Informações colhidas por este jornal dão conta de que as ocupações começaram a ser feitas com alguma antecedência. Para muitos gestores com quem este jornal contactou actividades dessa natureza deviam ser realizadas com alguma regularidade para o bem dos hoteleiros.
Em entrevista à TV Zimbo, Kahango Novais, que gere uma unidade hoteleira que não é identificada na peça jornalística, referiu-se a uma taxa de ocupação de 100 por cento, adiantando que a visita em si, para além do impacto significativo para o sector hoteleiro, era uma mais- valia para a província de Benguela. “Temos turistas de nacionalidade americana, temos de nacionalidade zambiana. Temos diversos turistas”, sustenta.
Governo local
Em entrevista exclusiva a este jornal, o director do Gabinete Provincial da Cultura, Juventude, Desporto e Turismo, Pascoal Luís, revelou que, de 3 a 4, se registou, em termos de ocupação em Benguela, Lobito e Catumbela, a presença de 2 mil 678 turistas nos principais hotéis.
“De nacionalidade americana, brasileira, ingleses, australianos e depois alguns países também a nível do nosso continente, como a África-do-Sul”, disse o responsável. Em virtude disso, Pascoal Luís assinala vários ganhos para o sector que dirige na província, por ter proporcionado uma envolvente grande que não se tenha confinado apenas à disponibilização de quartos de hotéis, houve mais vida lá dessa componente.
“Mas de todos outros serviços. Refiro-me à questão da restauração, rent-a-car, os nossos feirantes artesãos conheceram também, de facto um movimentado um pouco diferenciado, se assim podemos dizer”, sinaliza, assegurando ter projectos em carteira para pôr Benguela “na boca do mundo”. “Há potencialidades que carecem também de muitos investimentos.
Por exemplo, temos as nossas baías da Restinga, Baía-Azul, Caotinha, que, no momento de pico, não conseguem responder àquilo que é a demanda. Então, há um trabalho gizado com a Associação Provincial dos Hoteleiros e Turismo e descobrimos mais 32 baías, mas, claro, essas são as chamadas praias virgens”, considera. Benguela, com 11 hotéis, e Lobito, que dispõe de 10, foram as cidades preferenciais de turistas.
O primeiro município se vale de 40 pensões, ao passo que o segundo conta com 23. Pascoal Luís garante que todos esses empreendimentos tiveram taxa de ocupação a 100 por cento, para além dos lodges.
“Tivemos, a nível de procura, no Museu Nacional de Arqueologia, 274 turistas”, acentua. Dados postos à disposição pelo responsável do sector apontam que a província conta, neste momento, com mais de 3 mil quartos, reflectidos numa disposição de mais de 8 mil camas.
POR:Constantino Eduardo, em Benguela