Os accionistas do Banco Sol e o Banco Nacional de Angola (BNA) aprovaram, recentemente, o Plano de Reestruturação e Recapitalização do Banco que prevê um aumento de capital no valor de 85,5 mil milhões de kwanzas para os próximos dias, após a realização de um diagnóstico que identificou diversas fragilidades na situação económica e na base de capitalização da instituição
Os dados constam de um relatório feito pelo presidente da Comissão Executiva do Banco Sol, Osvaldo Macaia, sobre retrospectiva de 2024 e análise dos primeiros meses de 2025 do Banco Sol, incluso no estudo da Banca em Análise 2025, ao qual o jornal OPAÍS teve acesso.
No documento, o presidente da Comissão Executiva do Banco Sol avança que, em 2024, o Banco registou resultados líquidos negativos de 6,9 mil milhões, no entanto, conseguiu manter a base de activos e atingiu um crescimento de 13% do número de clientes.
Osvaldo Macaia adiantou ainda que a mudança na Administração e a aprovação de um Plano Estratégico 2024-2027 contemplou medidas para adequar a operação do Banco aos desafios contemporâneos, às necessidades dos seus clientes e ao ambiente competitivo do mercado, que representaram o início de uma nova era no percurso do Banco Sol.
“E foi, ainda, elaborado o Plano de Reestruturação e Recapitalização, que foi aprovado pelos accionistas e pelo BNA, e que prevê, designadamente, um aumento de capital no valor de 85,5 mil milhões de kwanzas”, lê-se no documento.
O anúncio da previsão do aumento de capital do Banco acontece numa altura em que a instituição já começou a pôr em prática o Plano de Reestruturação e Recapitalização 2025-2027, que resultou no encerramento de 39 balcões em várias províncias.
Apesar de o plano ainda não ser público, o OPAÍS sabe que, até 2027, o Banco Sol pode despedir mais trabalhadores e encerrar mais balcões. O Plano de Reestruturação e Recapitalização prevê reduzir 30 por cento dos seus colaboradores em todo o país, vender alguns activos imobiliários, recuperar o activo de crédito malparado, dinamizar o negócio de seguros e o aumento do capital social, exclusivamente através de novos aportes dos accionistas.
De acordo com uma nota da instituição, o plano desenvolvido pela actual Administração do Banco, liderada por António André Lopes, presidente do Conselho de Administração, e por Osvaldo de Lemos Macaia, na sequência de um profundo diagnóstico da situação financeira, económica e patrimonial da instituição, recebeu a aprovação da totalidade dos accionistas, em Assembleia Geral realizada a 24 de Janeiro de 2025.
“E estabelece um conjunto de medidas rigorosas para assegurar a recapitalização, optimização da estrutura operacional e o reforço da gestão de riscos”, avança a nota.
O novo Plano de Reestruturação e Recapitalização do Banco Sol visa melhorar a rentabilidade e a eficiência operacional, garantir a sustentabilidade do Banco a longo prazo e assegurar o cumprimento dos rácios prudenciais exigidos pelo regulador, de acordo com o documento.
O Banco Nacional de Angola aprovou, em Abril, o Plano de Recapitalização e Reestruturação do Banco Sol, que tinha sido exigido pelo banco central por causa da fragilidade financeira.
O Plano de Recapitalização e Reestruturação apresentado pelo Conselho de Administração do Banco Sol e aprovado pelo BNA tem um período de implementação de três anos.
Principais accionistas
As principais metas e objectivos estratégicos do Banco passam pelo crescimento da base de negócio (depósitos e crédito), gestão do risco de crédito, redução da sinistralidade histórica, eficiência operacional e optimização da estrutura de custos, capacitação e valorização do capital humano, optimização dos processos e da estrutura de negócios e melhoria da qualidade dos serviços.
De acordo com o site do banco, a estrutura accionista do Banco Sol é composta pela sociedade Sansul, com 51%, pelo ex-presidente, Coutinho Nobre Miguel, com 12,24%, pela Fundação Lwini, com 10%, pelo empresário António Mosquito, com 6,33%, pelo empresário Noé Baltazar, com 5,42%, pela ex-primeira Dama da República, Ana Paula dos Santos, com 5,42%, pela Sociedade do Comércio, também com 5,42%, e por Júlio Marcelino Bessa, com 4,17%.
Por: Rita Fernando