Angola ainda enfrenta alguns desafios de inclusão da pessoa com deficiência, relacionados com a falta de infra-estruturas acessíveis, a persistência de condutas de discriminação que dificulta o pleno acesso às vagas de emprego, entre outros.
Maria do Rosário Bragança, que falava na II Conferência Nacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, realizada ontem em Luanda sob o lema “ampliando a liderança de pessoas com deficiência para um futuro inclusivo e sustentável”, disse que esta é uma chamada para a acção.
Para ela, a inclusão plena só será alcançada quando pessoas com deficiência ocuparem posições de liderança, influenciando as políticas públicas e inspirando mudanças sociais.
“A verdadeira inclusão exige que se garanta os direitos básicos das pessoas com deficiência, que crie- mos condições para que exerçam plenamente a sua cidadania, contribuam para o desenvolvimento de Angola e se tornem protagonistas na construção de uma sociedade mais justa e equilibrada”, defende.
Maria do Rosário Bragança disse ainda que um dos maiores desafios da inclusão é garantir que as pessoas com deficiência tenham acesso a empregos dignos e justa- mente remunerados.
Nos últimos anos, tem-se registado um aumento do número de pessoas com deficiência a serem integradas em diversos sectores da sociedade, tanto no público quanto no privado, mas lembrou que a inclusão no mercado de trabalho não é apenas uma questão de oportunidade económica, mas também de autoestima, dignidade e participação social.
Por outro lado, a ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Ana Paula do Sacramento Neto, defende que toda a pessoa com deficiência deve ser analisa- da, de modo a poder receber um certificado e beneficiar dos seus direitos.
Por outra, é necessário potencializar as famílias para que consigam encaminhar os seus de- pendentes e fazer deles uma pessoa forte, para encarar o dia-a-dia na sociedade.
“Aquele pai, encarregado de educação, membro de família que, por falta de conhecimento, não encaminha a pessoa com deficiência às instituições, quer priva- das ou estatais, ou aquelas pessoas com deficiência detentoras de talento e de conhecimento, que não estão inseridas em nenhum grupo de trabalho, formação profissional, são activos que podem estar guardados e que deviam trazer crescimento no país”, disse.
acessibilidade continua a ser o maior obstáculo para FAPED
Esmeraldina Miguel, presidente da Federação Angolana das Associações de Pessoas com Deficiência (FAPED), disse que, em Angola, a incidência das pessoas com deficiência é uma realidade que não se pode ignorar, por isso, acha fundamental que, como sociedade, garantamos que as barreiras sejam removidas e que todos tenham acesso às mesmas opor- tunidades.
Reafirma que a luta da sua organização continua a ser a defesa de direitos e a garantia da não discriminação, pela promoção da igualdade e pela participação plena e efectiva de todas as pessoas com deficiência, em todos os aspectos da vida social, política e económica.
“Nenhuma pessoa deve ser excluída devido à sua condição, e é nossa missão garantir que todas, e todos, tenham a oportunidade de contribuir para o desenvolvimento do país”, sustenta.
A acessibilidade continua a ser uma das maiores barreiras para a inclusão das pessoas com deficiência, pelo facto precisam garantir que as cidades, os transportes, os edifícios e espaços públicos sejam verdadeiramente acessíveis para todas as pessoas, incluindo as com deficiência motora, sensoriais, intelectuais e psicossociais.
A acessibilidade não é uma questão de conveniência, ela é um direito fundamental. O acesso aos direitos sociais e económicos é outro ponto central que consta da agenda da FAPED.